A partir do ano que vem, o Porto de Santos deve adotar um modelo de agendamento para a chegada de trens para carga e descarga de produtos. As regras estão em debate por técnicos do Porto, da SEP (Secretaria Especial de Portos) e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), informou a Agência CNT de Notícias. A ideia é dar mais eficiência e melhorar o uso da capacidade dos terminais. Conforme o diretor de Planejamento Estratégico e Controle do Porto de Santos, Luís Cláudio Montenegro, a meta é firmar um acordo com as concessionárias de ferrovias para implementar a medida no próximo ano.
Para a safra de grãos 2013/2014, a autoridade portuária adotou um sistema de agendamento para a chegada de caminhões a fim de reduzir filas, organizar o tráfego dos veículos pesados pelas rodovias e vias da cidade e melhorar a mobilidade na região.
O esquema implementado também deve ser aperfeiçoado para a safra 2014/2015. Segundo Montenegro, os próximos passos consistem em criar um sistema de automação da chegada dos veículos ao Porto de Santos. A proposta é colocar antenas de leitura por radiofrequência e sistemas de placas que permitam o acompanhamento dos caminhões pelo percurso até a chegada aos terminais. Com isso, será possível identificar se o fluxo da carga está de acordo com o previsto, se o veículo chegará no horário programado e, assim, gerenciar de maneira mais eficiente o trânsito dos caminhões e os procedimentos na área portuária.
Agendamento
A exigência de agendamento para as chegadas ao Porto de Santos entrou em vigor em janeiro deste ano. A determinação era que todos os transportadores fizessem o procedimento diretamente com os terminais e estabelecessem o horário de chegada para descarregar a produção. Com isso, foi possível reduzir as extensas filas de caminhões, que, em 2013, chegaram a 50 km. “Quando isso ocorria, a mobilidade da cidade ficava completamente comprometida”, explica o diretor de Planejamento Estratégico do Porto. No pico da safra, a movimentação chega a 13 mil caminhões por dia na cidade no município.
O tempo de espera para a descarga também foi reduzido. O procedimento passou a durar cerca de dez horas a contar da chegada do veículo à região portuária, metade do que ocorria antes. Além disso, na avaliação dos resultados, foi constatada redução no valor do frete. “Normalmente, durante a safra, o custo aumenta. E, neste ano, a elevação foi 7% menor que o normalmente registrado nesse período”.
Conforme Luís Cláudio Montenegro, um dos diagnósticos feitos identificou o mal uso da infraestrutura disponível. “Percebemos que a solução dos problemas não viria só com mais investimento em infraestrutura, mas que, se dobrássemos a produtividade, dobraríamos também a capacidade, só com uma organização sistêmica do processo”, explica. Nos finais de semana, por exemplo, as chegadas eram 30% menores que nos dias úteis. Além disso, que a movimentação concentrava-se em alguns períodos do dia, como no início da manhã, e que havia falta de sincronismo nas chegadas e de informações sobre o fluxo que se aproximava. As soluções adotadas, segundo ele, buscaram aumentar a eficiência do uso da infraestrutura disponível.
Desafios
Segundo Montenegro, entre os novos desafios está o de ampliar a capacidade do Porto de Santos, que é esperada com o arrendamento de nove terminais. Os processos estão em análise, e a projeção é que possam elevar a movimentação de cargas em até 40%.
No que diz respeito à mobilidade na cidade de Santos, o trabalho deve se concentrar, agora, em organizar o estacionamento de caminhões que, após descarregarem no Porto, aguardam um frete de retorno. “Esse é um grande desafio para se desenvolver. O caminhão tem que aguardar em um local adequado, e a carga de retorno também tem que estar programada”, defende Montenegro. A estimativa é que sejam realizados cerca de 800 carregamentos por dia com carga de retorno.
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