3º Fórum de Mulheres no Transporte e Logística destaca como empresas, poder público e a tecnologia podem contribuir para o crescimento da participação feminina no setor
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Em meio a lançamentos, mostra de novidades e negociações que são o foco da maior feira do setor de transporte e logística da América Latina, a Fenatran abriu espaço para discutir um tema muito importante: a participação das mulheres no setor, que é majoritariamente masculino.

Esse debate de alto nível foi realizado na arena de conteúdo da feira, na tarde do dia 07 de novembro, e contou com a participação dos três maiores movimentos de apoio às mulheres no setor, o ‘A Voz Delas’ (desenvolvido pela Mercedes-Benz), ‘Rota Feminina’ (apoiado pela IC Transportes) e o ‘Vez e Voz’ (criado pelo SETCESP) mais o ‘Com Elas na Fenatran’ (ação realizada pela organização da feira).

Na abertura do evento, subiram ao palco Camila Florencio, coordenadora do Vez e Voz; Ebru Semizer, gerente da Mercedes-Benz Brasil; Fernanda Sarreta, co-fundadora do Rota Feminina e Mayra Nardy, diretora de Portfólio da Fenatran.

“Os eventos de negócio são uma representação do setor e estamos aqui reunidos justamente, para dar voz as necessidades deste segmento. Temos uma preocupação com diversidade e inclusão”, afirmou Mayra.

Na sequência foi iniciado o primeiro painel, que discutiu políticas públicas para fomentar a participação feminina. Nele participaram a diretora adjunta do ITL, Eliana Costa; Daniele Correa, procuradora do Trabalho e coordenadora regional da Cordigualdade; Paula Montagner, subsecretária do Ministério do Trabalho e Emprego; José Amaral, superintendente da ANTT e Ana Jarrouge, idealizadora do movimento Vez e Voz e presidente executiva do SETCESP, que mediou as apresentações.

“Para potencializar nossas ações, precisamos do poder público e outras instituições e pessoas, que dentro de suas competências, possam nos apoiar e dar uma visibilidade a esta causa”, informou Ana.

Segundo os dados que constam no Índice de Equidade do TRC, existem apenas 3% de mulheres motoristas atuando em empresas de transporte rodoviário de cargas e 17%, em cargos de CEO.

“Diversidade é mais que meta, é uma fonte de competitividade para as nossas empresas. O ITL ajuda a preparar as lideranças, inclusive as mulheres. E se mudarmos a cabeça de quem gere as empresas, mudamos o setor todo”, apontou Eliana.

De acordo com informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a média salarial de mulheres negras é a metade da dos homens não negros. “O que a gente quer, não é somente equiparação, e sim, transformação, na qual se incorpore mulheres em todos os cargos de trabalho”, indicou a subsecretária.

“Estamos numa cultura ainda patriarcal e ainda machista”, avaliou Daniele. Depois, o superintendente da ANTT falou dos novos contratos para pontos de parada e descanso (PPD), que incluem estabelecimentos mais estruturados nas estradas para receber mulheres.

Em seguida, o próximo painel abordou as boas práticas das empresas de transporte para atrair e reter talentos femininos. Mediado pela caminhoneira e influencer Vanessa Mariano, contou também com a participação de Franciele Tuni, coordenadora da transportadora Cordenonsi; Joyce Bessa, head de gestão da Transjordano e Thais Almeida, diretora Comercial da Tquim.

Franciele falou que na Cordenonsi existe um call center com atendimento 24h para os motoristas que estão na estrada, e isso faz com que as mulheres se sintam mais seguras. “As pessoas trazem resultados quando se sentem valorizadas”.

Enquanto Joyce lembrou que o índice de multas e acidentes com motoristas mulheres é bem menor do que com motoristas homens.

Há cerca de 5 anos, a Tquim iniciou a sua mobilização para ampliar na empresa o quadro de mulheres. Thais trouxe uma reflexão de que algumas ações devem ficar mais evidentes. “Não é só dizer que estamos contratando motoristas, porque aí parece que não fica claro que também queremos mulheres, se queremos mulheres precisamos enfatizar – ‘contratamos motoristas mulheres’. Só fazendo isso que conseguimos contratar mulheres para o cargo”.

Já o terceiro painel apresentou como as mulheres podem ser protagonistas de mudanças dentro das empresas, em meio ao processo de transformação digital que vem ocorrendo. Para falar sobre o tema, foram convidadas Augusta Bastos, CEO da MA e Agatha Harumi, co-fundadora da Women in IA, além de Suzana Socin, CEO da I9Exp.

“O protagonismo feminino tem apoiado o desenvolvimento tecnológico e a transformação digital no transporte e logística com novos sistemas de gestão de frota. Cada vez mais, empresas usam IA para melhorar seus processos”, compartilhou Suzana.

E para provar sua tese, chamou à frente a Yasmin, um robô que recebe comandos à distância e pode fazer entregas de forma automatizada.

Por sua vez, Agatha discorreu sobre a participação das mulheres na área de tecnologia que, assim como no transporte, também é pequena. Já Augusta observou que a IA bem utilizada contribuiu para da produtividade. “E a diversidade traz esse potencial criativo e de ação, tanto para a tecnologia quanto para o transporte”, concluiu.


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