21% das mortes em estradas federais ocorrem em 2% da malha nacional
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14 de Abril de 2014 – 11h55 horas / Folha de São Paulo

A Folha identificou essa realidade ao analisar uma série de planilhas da Polícia Rodoviária Federal. Elas detalham cada um dos 14.932 acidentes registrados ano passado no Carnaval, na Páscoa, no Natal e no Ano-Novo.

 

Em 27 pequenos trechos que, somados, atingem 1.200 km, morreram 163 pessoas nesses feriados. O volume representa 21% das 759 mortes nas BRs nesses períodos.

 

Em comum, os trechos têm entre 30 a 50 km em média, são, em sua maioria, de pista simples e se localizam em serras, com percursos sinuosos. Também letais, há exceções a essa característica de pista, como algumas estradas duplicadas no Sul e no Sudeste.

 

Um exemplo é o trecho entre os quilômetros 300 e 362 da rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, onde morreram 18 pessoas nos principais feriados de 2013.

 

O trecho fica entre Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e Miracatu, próximo ao Paraná. Parte fica na serra do Cafezal, cuja duplicação se arrasta há anos e agora está prevista para até 2017.

 

Na via, trafegam em média 22 mil veículos por dia.

 

'CORPOS'

 

O caminhoneiro Robson Camargo, 27, passou pelo km 300 no Natal e viu um acidente no qual um ônibus saiu da pista e deixou 14 mortos. "Era madrugada, chovia, e vi corpos no acostamento". O motorista, segundo a polícia rodoviária, dormiu ao volante.

 

"A pista está boa, mas o pessoal abusa da velocidade", disse o jardineiro Luciano Candido, 39 -há uma semana, na Régis, um caminhão em alta velocidade bateu na traseira de seu carro.

 

'AVENIDAS URBANAS'

 

O principal vilão nos acidentes é o motorista. Falhas do condutor, como excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e desatenção, representam 94% das causas das colisões com morte.

 

Além disso, estradas que se tornaram verdadeiras "avenidas urbanas" estão entre os fatores de risco, afirma o chefe de Planejamento Operacional da Polícia Rodoviária Federal, Stênio Pires.

 

Outro ponto é a evolução dos caminhões, cada vez maiores e mais potentes. "Aumentou o tempo e a distância para ultrapassar, e o condutor geralmente tem a percepção errada, e não dá tempo."

 

Entre os 27 "trechos letais" identificados pela reportagem, três ficam na Dutra, a ligação entre São Paulo e Rio e que registra 874 mil viagens diárias. Ali os acidentes ocorrem sobretudo nos trechos urbanos, como em Guarulhos (SP), Nova Iguaçu (RJ) e Rio.

 

Esses locais têm o tráfego ampliado pelos acessos a bairros e empresas às margens da rodovia. São como avenidas, com o espaço disputado com caminhões, mas com velocidade de rodovia.

 

Nesses trechos, a maior parte das colisões se deve à alternância abrupta entre faixas e a motociclistas formando corredores, além de batidas traseiras no final das filas, diz o inspetor da polícia rodoviária em Guarulhos, Celso Fernandez.


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