Os problemas provocados pela greve dos caminhoneiros e as condições financeiras externas mais apertadas pressionam a economia do Brasil neste ano e levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a reduzir suas estimativas de crescimento para 2018 e 2019.
O Produto Interno Bruto do Brasil deve crescer 1,4 por cento em 2018 nas contas do FMI, que reduziu sua estimativa em 0,4 ponto percentual em relação à projeção anterior feita em julho, de acordo com seu novo relatório "Perspectiva Econômica Mundial".
Isso se deve a "problemas causados pela greve nacional dos motoristas de caminhões e condições financeiras externas mais apertadas, que são uma fonte de risco para as perspectivas", disse o FMI no relatório.
Para 2019, o corte foi de 0,1 ponto percentual, a 2,4 por cento. O crescimento esperado é impulsionado "pela recuperação da demanda privada conforme o déficit de produção gradualmente diminui", apontou o FMI.
A greve dos caminhoneiros, em maio, pesou sobre a indústria e os investimentos e o PIB do país cresceu apenas 0,2 por cento no segundo trimestre sobre os três meses anteriores, destacando a instabilidade da atividade econômica.
Os dados do FMI ficam em linha com aqueles do governo e do Banco Central. Recentemente o BC piorou sua projeção de crescimento do Brasil a 1,4 por cento neste ano, prevendo uma aceleração para 2,4 por cento no ano que vem.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento preveem uma elevação de 1,6 por cento do PIB neste ano e de 2,5 por cento no ano que vem. Já o mercado vê a atividade crescendo 1,34 por cento em 2018 e 2,5 por cento em 2019, conforme a leitura mais recente da pesquisa semanal Focus.
O FMI destacou que a consolidação fiscal deve ser a prioridade para o Brasil.
"A reforma da Previdência é essencial para garantir a sustentabilidade fiscal e garantir a igualdade, dado que os gastos previdenciários são altos e as aposentadorias são excessivamente generosas para alguns segmentos da população", disse o FMI.
"Também será necessário continuar restringindo a folha de pagamento do governo, harmonizando os regimes tributários federal e estatal e melhorando as finanças do governo, ao mesmo tempo em que se protege os programas sociais", completou.
O FMI também projeta inflação de 3,7 por cento no Brasil em 2018 e 4,2 por cento em 2019, sendo que o centro da meta oficial do governo brasileiro é de respectivamente 4,50 por cento e 4,25 por cento, com margem de tolerância para ambos os anos de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A taxa de desemprego, segundo o Fundo, deve diminuir, passando de 11,8 por cento neste ano para 10,7 por cento no próximo. No trimestre encerrado em agosto, a taxa caiu pela quinta vez seguida para 12,1 por cento, informou o IBGE no fim do mês passado.
As revisões promovidas pelo FMI para o Brasil ajudaram a pressionar para baixo o crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento como um todo, junto com o esperado impacto das medidas comerciais implementadas desde abril sobre a atividade na China e a desaceleração da economia da Turquia.
Assim o FMI cortou a expectativa para a expansão desse grupo em 0,2 e 0,4 ponto percentual respectivamente para 2018 e 2019, vendo um crescimento de 4,7 por cento para ambos os anos.
Para a América Latina e o Caribe, a redução foi de 0,4 ponto para cada um dos dois anos, com as novas estimativas de crescimento a 1,2 por cento em 2018 e de 2,2 por cento em 2019.
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