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28 de Agosto de 2017 – 04h09 horas / NTC

O Brasil precisa investir R$ 292,54 bilhões para melhorar as condições das estradas e consequentemente reduzir custos na hora de escoar e transportar produtos.


A estimativa foi apresentada pela concessionária CCR RodoNorte, no 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Curitiba.


Segundo a concessionária, seriam necessários R$ 57,08 bilhões para recuperação das rodovias, R$ 137,13 bilhões para duplicações, e R$ 98,33 bilhões para retomada da expansão da malha brasileira.


O valor total equivale a 13,6 vezes o orçamento do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, de R$ 21,5 bilhões este ano, de acordo com dados copilados pelo sistema de Transparência Orçamentária da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV).


A CCR Rodonorte é responsável, no Paraná, por 487 quilômetros (km) de estradas que formam o corredor de escoamento de alguns dos principais polos de produção agrícola e industrial do estado.


O sistema abrange a BR-277 e a BR-376, que ligam Curitiba a Ponta Grossa e às principais cidades no norte do estado; e a PR-151, entre Ponta Grossa e Jaguariaíva.


"Temos esses gargalos todos estudados. O Ministério dos Transportes têm soluções definidas. O que falta é dinheiro", disse o diretor presidente CCR Rodonorte, José Alberto Moita.


"Precisamos de espaço para investir em infraestrutura. Com certeza, o futuro desse país depende da agregação de valor nesses modais", acrescentou


As rodovias são o principal meio de transporte e escoamento de produtos brasileiros. Somente no escoamento da produção brasileira de grãos, em média, são responsáveis por 61% do transporte, o restante fica a cargo de ferrovias, com 21%, e hidrovias, com 18%.

 

Consideradas separadamente as principais rotas de escoamento, na Região Norte as rodovias respondem por 66% do transporte, no Sudeste, por 55%, e no Sul, por 72%.


Mesmo assim, o país ocupa a 111ª posição no ranking de qualidade das rodovias, divulgado em 2016 pelo Fórum Econômico Mundial.


Segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), de 2016, a maior parte das estradas é classificada como regular (34,6%), ruim (17,3%) ou péssima (6,3%). Apenas 30,2% são classificadas como boas e 11,6% como ótimas.

 

A maior parte dos investimentos em rodovias vêm do setor público. Em 2016, o setor público investiu R$ 8,609 bilhões, em 53.943 km, o que corresponde a 56,1% do total da malha rodoviária.


Já o setor privado investiu R$ 6,745 bilhões em 19.031 km. Levando em conta o valor e a quilometragem construída, o setor privado pagou pouco mais do dobro do setor público por cada quilômetro.


Em paralelo à melhoria das rodovias, é preciso também melhorar as ferrovias, segundo o diretor Regulatório e Institucional da Rumo (empresa que administra 12 mil km de malha ferroviária no RS, SC, PR, SP, MT e MS), Guilherme Penin.


Para inverter a importância das ferrovias em relação às rodovias, para que as ferrovias sejam responsáveis por 70% dos transportes e as rodovias 30%, seria necessário passar do atual crescimento de 1,5 milhão de toneladas transportadas por ano para 7,5 milhões de toneladas.


Entre outros benefícios, o transporte ferroviário permitiria um incremento de R$ 1 bilhão, de acordo com os cálculos da Rumo, relativos a redução da emissão de gases poluentes.


Além disso, seria possível uma economia de R$ 11,4 bilhões gastos em outros modos de transporte de carga.


Falhas técnicas


Dia (24), a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou estudo que mostra que falhas na gestão e execução contribuem para a má qualidade das estradas brasileiras.


Segundo a CNT, o Brasil utiliza metodologias ultrapassadas para o planejamento de obras, apresenta deficiências técnicas na execução, investe pouco e falha no gerenciamento de obras, na fiscalização e na manutenção das pistas.


Isso reflete nos gastos. Somente em razão da má qualidade do pavimento, em 2016, o setor de cargas registrou um gasto excedente de 775 milhões de litros de diesel, que provocou um aumento de custos da ordem de R$ 2,34 bilhões.


A equipe técnica da CNT analisou o estado de conservação dos pavimentos das rodovias nos últimos 13 anos e verificou que mais da metade das rodovias pavimentadas do país apresentam buracos, ondulações, fissuras e trincas.


O pavimento executado com asfalto, mais comum no país, tem vida útil estimada entre 8 e 12 anos. No entanto, apenas em sete meses após a conclusão, as rodovias já começam a apresentar problemas estruturais.


A CNT avaliou que muitas obras são entregues fora dos padrões mínimos de qualidade, exigindo novos gastos para correção de defeitos que podem corresponder a até 24% do valor total da obra.


A má qualidade dos pavimentos se agrava com a falta de investimentos em manutenção preventiva. Estima-se que quase 30% das rodovias federais sequer têm contrato de manutenção.


Como solução, a confederação defende uma política de transporte multimodal e integrada, com garantia de investimentos consistentes, a longo prazo, para superar o atraso em infraestrutura.


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