O recente aumento do preço dos pedágios anunciado no final de 2016, e, em vigor a partir desse ano, vai na contramão do que os empresários do setor de transporte de cargas esperavam para começar bem 2017.
O motivo é simples. No trecho entre Curitiba e São Paulo da BR-116 a tarifa cobrada teve um reajuste de cerca de 20% nos valores das tarifas, passando de R$ 2,50, para R$ 3,00 – índice bastante acima do limite da inflação.
Semelhante situação ocorreu na Fernão Dias, estrada que liga São Paulo a Belo Horizonte, onde a tarifa passou de R$ 1,80 para R$ 2,10 em todas as praças. O reajuste representou um aumento de 16,6% no valor cobrado.
Como se sabe, os custos com os pedágios podem chegar a representar acréscimos de até 30% nos custos operacionais dos veículos de carga, principalmente daqueles com maior número de eixos.
Outro ponto que chama a atenção na medida é o contraste do aumento dos custos com a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias responsáveis por fazer a manutenção e expansão das rodovias. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mais de 120 obras em rodovias previstas para serem realizadas em 2015 e 2016 estão atrasadas. Essas obras são de responsabilidade de 6 das 7 concessionárias vencedoras dos leilões da chamada “terceira etapa” e se referem a 5.342 km de estradas federais.
Desse modo, se for levado em conta os atrasos em obras de algumas rodovias concessionadas e o custo da tarifa, o preço do pedágio, em que pese a qualidade das vias públicas, deve ser visto como acima do aceitável.
Se no passado era compreensível a cobrança de um valor mais “salgado” em face das obras que foram necessárias de se fazer para recuperar a malha e, consequentemente, expandi-la, atualmente esse valor não se justifica mais, visto o custo de manutenção ser menos oneroso.
Para reequilibrar-se essa situação seria importante haver uma contraprestação dos serviços em relação aos valores pagos, como combate ao roubo de cargas, local para o motorista fazer descanso exigido por lei – sugestões que o SETCESP defende em prol do transporte rodoviário de cargas.
Com a efetivação dessas melhorias o preço do pedágio seria mais adequado para o bolso dos motoristas e caminharia na mão certa para o desenvolvimento do país.
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