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13 de Dezembro de 2016 – 04h15 horas / G1 – Rio Grande do Sul

O esquema de clonagem de veículos com números de chassis de caminhões do Exército descoberto pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul pode ter movimentado R$ 11 milhões em prejuízos diretos, considerando o registro fraudulento de 41 veículos, segundo investigação.

 

A operação denominada Brasão de Armas cumpriu mandados judiciais entre os dias 6 e 11 de dezembro.
De acordo com a polícia, criminosos tinham acesso ao número de chassis de caminhões militares, depois roubavam veículos semelhantes, e trocavam a numeração. Veículos ainda não emplacados ou que seriam exportados para fora do Brasil também tiveram a numeração de chassi usada para esquentar carros roubados, conforme reportagem exibida pelo Fantástico no domingo.

 

O esquema foi considerado sofisticado pela polícia gaúcha, já que muitos dos veículos do Exército não rodavam pelas ruas e estradas, além de não serem emplacados, dificultando a identificação das clonagens.
Conforme as investigações, os criminosos tiveram acesso aos números de chassis de caminhões adquiridos pelo Exército Brasileiro no período de 16 anos, totalizando 15.473 veículos.

 

A somatória dos prejuízos leva em conta a vítima que teve o veículo furtado, e também as pessoas que compraram os veículos já clonados, sem ter conhecimento da fraude.

 

Com base nas informações obtidas pela investigação, a Justiça determinou a prisão de 13 pessoas, entre as quais estavam dois comerciantes que vendiam caminhões no Sul do estado.

 

Após oito meses de investigação, a Justiça determinou o cumprimento de 87 ordens judiciais, sendo três de prisão preventiva, 16 temporárias cinco mandados de condução coercitiva, 22 mandados de busca, 41 de apreensão, além dos 41 caminhões identificados.
Ao todo, 19 pessoas que fazem parte da célula gaúcha da quadrilha foram identificadas. Elas teriam sido os responsáveis pelas 41 adulterações de caminhões ocorridas desde 2005, com atuação mais frequente no Sul do estado, nas cidades de Pelotas, Canguçu, Rio Grande e Ibirubá.

 

O esquema contaria ainda com a conivência de funcionários e ex-funcionários dos Centros de Registro de Automóveis (CRVAs), uma vez que a vistoria poderia identificar a fraude, conforme a Polícia Civil.
Treze suspeitos foram presos. Entre eles um homem apontado como o principal articulador das encomendas e adulterações realizadas no Rio Grande do Sul. Ele é proprietário de uma revenda em Pelotas, por meio da qual teriam sido feitas encomendas de 25 caminhões por terceiros, que não tinham conhecimento da clonagem, e que são considerados vítimas do esquema.

 

Outro comerciante preso preventivamente na operação foi o responsável pelo registro de dois caminhões roubados, sob numeração de chassi de veículos do Exército no Rio Grande do Sul. O registro foi feito junto ao CRVA de Rio Grande, no Sul do estado, que já não existe mais. Dois vistoriadores e um ex-vistoriador do extinto centro foram presos.

 

Um segundo empresário, apontado pela polícia como um dos principais articuladores do golpe, que atuava na cidade de Ibirubá, é procurado pela polícia. Ele teve a prisão preventiva decretada.
A polícia segue com a investigação para tentar identificar outras pessoas que possam ter participado da fraude.

 

O Comando do Exército informou ter realizado uma investigação interna, sem identificar o envolvimento de militares no vazamento da numeração dos chassis.

 

Em nota, o Denatran diz não existir evidências de que possa ser o foco do vazamento, uma vez que os Detrans e montadoras também teriam acesso à base de dados. O Denatran se negou a atender o pedido das montadoras, para bloquear os chassis dos clones, alegando que essa é uma atribuição dos Detrans.
Também diz que editou circular, em agosto, determinando aos estados que coloquem uma restrição nos documentos desses veículos clonados, sempre que forem descobertos.


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