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28 de Outubro de 2014 – 05h44 horas / Agrolink

O milho que poderia encalhar e encavalar sobre a safrinha 2015, em Mato Grosso, passou nesse mês a ser mais procurado do que o produtor poderia esperar para o período em que a soja, em pleno plantio, ganha todos os holofotes. Desde que o atraso no cultivo da oleaginosa por falta de chuvas apontou para reduções de área na safrinha, por conta da perda da janela de plantio ao cereal, e com as chuvas que retardam a colheita nos Estados Unidos, o mercado voltou a demandar pelo cereal e aos poucos a cotação vai ganhando preço e há quem aposte em um valor de até R$ 20 antes da virada do ano depois de chegar a menos de R$ 9, em algumas praças.

O que era excesso poderá ser a única fonte de matéria-prima para atravessar a entressafra do cereal e quem sabe, ainda socorrer o mercado a partir do próximo ano. A corrida pelo milho, conforme o setor produtivo, pode estar apenas começando.

Em apenas uma semana, a variação da cotação no mercado interno aumentou em 4,88%, ao passar de R$ 12,82 – cotação média da semana retrasada – para R$ 13,45, média da semana passada no Estado. Em igual momento de outubro de 2013, a saca estava em R$ 10,22, números do Indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Restam da safra 2013/14, recém-colhida no Estado, pouco mais de 5 milhões de toneladas das mais de 17,71 milhões produzidas. Antes da virada do mês, o volume negociado representava 70% da colheita. E foi justamente de setembro para outubro que as vendas tiveram o maior ritmo desde março desde ano. Nesse intervalo a comercialização caminhou quase 20 pontos percentuais sobre o período anterior (agosto/setembro), que tinha sido até então o momento de maior demanda pelo grão. O cereal que registrava atraso nas vendas em relação ao ano passado agora abre vantagem de 6 pontos percentuais na comparação anual.

O Imea cita variáveis que têm beneficiado o produtor que optou por segurar a produção da última safrinha. Na terceira semana de outubro, como apontam os analistas do Instituto, a relação entre o preço do frete do milho e o preço da saca do cereal em Mato Grosso apresentou o menor patamar desde o início desta safra, em julho. Analisando essa relação com a mesma semana de 2013, vê-se que neste ano as condições estão um pouco melhores. “Dois fatores colaboram para este fato, o primeiro são os preços do frete a patamares reduzidos para esta época do ano, R$ 220 tonelada (Sorriso a Santos), e a segunda são as recuperações observadas na cotação do milho em Mato Grosso, que hoje vale R$ 2,65/sc a mais do que o apresentado em outubro de 2013. A variável frete, sofre efeitos de um processo mais ágil nos portos, a utilização de silos bolsas e a elevação e modernização da frota de caminhões no Estado. Já a variável preço, vem se recuperando aos poucos, mesmo com preços baixos no mercado internacional. Assim, possibilitam melhores oportunidades para os produtores mato-grossenses”.

PREÇO – Como destaca produtor de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) e ex-presidente do Sindicato Rural local, Antônio Galvan, diante do atraso no cultivo da soja, que já deveria cobrir mais de 50% da área estimada, é muito provável que haja impactos na realização da safrinha, para a qual o milho, é a cultura mais utilizada no Estado. “É certa uma perda de até 50% na produção final do milho segunda safra justamente pela falta de janela. Depois de 20 de fevereiro o risco climático ao milho passa a ser muito grande e quem plantar para além da data não vai saber o que vai colher”. Em Mato Grosso, cerca de 35% da área de soja, após a colheita do grão, volta a ser semeada com milho, por isso, atrasos no plantio da primeira safra podem interferir no resultado da próxima.

Como explica, a soja que tiver sido plantada depois de 20 de outubro estará em ponto de colheita a partir de 20 de fevereiro, justamente quando o melhor momento de plantio do milho, a chamada janela ideal, se fecha ao cereal. “Acredito que o mercado está visualizando essa possibilidade de escassez na oferta que se torna cada vez mais real na medida em que o plantio de soja não avança como deveria. Os preços internos do milho estão reagindo, de forma lenta, mas estão e não duvido que antes da virada do ano haja saca a R$ 20”. E completa: “Hoje é o atraso no plantio da soja que impacta na projeção da safrinha pela falta de chuvas. Há dois anos seguidos, de meados de janeiro a meados de fevereiro, são as chuvas intensas e incessantes é que atrapalham e atrasam a colheita, o que por sua vez, pode impactar negativamente, também, sobre a formação da segunda safra. Neste momento, o quanto plantar de milho o que será colhido são duas grandes incógnitas no Estado”.

Na última semana os preços pagos em praças importantes como Campo Novo do Parecis, Campo Verde, Lucas do Rio Verde e Sinop tiveram variação positiva, com máxima de R$ 16,70 em Campo Verde.


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