Forte recuo nas cotações do petróleo elimina defasagem de preços de combustíveis
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16 de Outubro de 2014 – 05h13 horas / Correio Braziliense

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou ontem reajustar os preços da gasolina ainda este ano, mesmo com a forte queda nas cotações internacionais do petróleo, que pôs fim à defasagem nos valores dos combustíveis praticados no Brasil. Ele ressaltou, contudo, que “essa é uma decisão da Petrobras”. “Embora a gasolina no país esteja mais cara agora do que nos Estados Unidos, isso não quer dizer que a empresa vai deixar de fazer algum aumento”, declarou. Desde junho, o valor do petróleo acumula queda de 26%, graças aos elevados estoques e ao arrefecimento da demanda global.

As declarações de Mantega vieram um dia após analistas apostarem que o novo patamar de preço do petróleo anularia a expectativa geral de um aumento dos preços domésticos de combustíveis imediatamente após as eleições. Relatório do banco Credit Suisse divulgado na terça-feira afirmava que, se o valor do barril continuar caindo, isso também poderia levar o país a não corrigir as tabelas da gasolina e do diesel nos postos “de nenhuma maneira”.

Segundo o documento do Credit Suisse, a gasolina vendida no Brasil pela Petrobras às distribuidoras está agora 1% mais cara do que a média dos valores realizados no mercado externo, em razão da queda acentuada do petróleo. A situação não ocorria há um bom tempo e muda dramaticamente a situação de defasagem que colabora com seguidos prejuízos no caixa da estatal.

A diferença entre os preços internacionais da gasolina e os domésticos estava em 24,3% em 25 de setembro. Mas, desde junho, a cotação do barril de petróleo já acumula desvalorização em torno de 26%, graças aos elevados estoques e ao arrefecimento da demanda global. Ontem, o barril negociado na Europa fechou em US$ 85,34 e US$ 82,05 nos Estados Unidos, menores patamares desde julho de 2012.

Mas se esse cenário parece favorável ao bolso do consumidor, ele representa riscos aos investimentos da Petrobras. Segundo a professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ) Irene Roxo Matesco, a queda dos preços internacionais do petróleo poderia inviabilizar a exploração do pré-sal. Ela cita estudo da FGV-RJ que define a cotação de US$ 80 como valor mínimo para compensar o investimento na extração das jazidas ultraprofundas. “Ocorre que o preço do petróleo brasileiro no mercado externo é menor do que o importado, por ser de qualidade inferior”, explicou.

Para a economista, o reajuste da gasolina é uma necessidade para equilibrar o caixa da estatal e sustentar os seus investimentos. “Se não tiver lucro, não tem como investir. A Petrobras está sangrando por todos os lados e precisa desse alívio”, ressaltou.

INFLAÇÃO Para o economista Marcos Sarmento Mello, gerente de gestão empresarial da Valorem Consultoria, a diferença de preços internos e externos dos combustíveis foi compensada com a queda do preço do petróleo. “Apesar disso, não significa que não haverá pressão para o aumento da gasolina. Há também o fator cotação do dólar, que não para de subir. Uma coisa é certa: qualquer aumento vai refletir na inflação, pois a gasolina está presente em toda a cadeia produtiva”, advertiu.


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