A Polícia Civil afirmou na tarde desta segunda-feira (7) que a quadrilha que roubou uma carga milionária da fábrica da Samsung em Campinas (SP) selecionou apenas produtos não rastreáveis para levar. O grupo invadiu a multinacional durante a madrugada e, segundo o delegado do caso, estima-se que levou aproximadamente R$ 80 milhões em eletrônicos portáteis. O valor é contestado pela empresa, que afirma que montante é de R$ 14 milhões.
"Aparentemente, eles tomaram alguns cuidados quanto aos objetos subtraídos. Eles procuraram alguns produtos que não possibilitam de plano um rastreamento", afirmou o o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Carlos Henrique Fernandes. Durante todo o dia funcionários da Samsung e da empresa de vigilância foram ouvidos. A Polícia também analisou imagens do circuito de segurança para tentar chegar aos criminosos.
Segundo Fernandes, a forma de operar indicar que trata-se de um grupo especializado nesse tipo de roubo. "Nós acreditamos que eles têm experiência na prática desse crime porque eles atuaram com segurança, eles tinham informação", disse. O delegado revelou ainda que investigará a possível ligação de funcionários e ex-funcionários da empresa com o roubo, já que a quadrilha tinha informações privilegiadas sobre o local.
Crime foi filmado
Imagens enviadas para a EPTV mostram a ação dos criminosos que roubaram tablets, celulares e notebooks da empresa, que fica no Parque Imperador, às margens da Rodovia Dom Pedro I. O assalto durou aproximadamente quatro horas e, a princípio, acreditava-se que pelo menos 20 homens tivessem participado do roubo, mas, segundo o delegado, imagens revelaram que o número de criminosos deve ser de no máximo dez pessoas. Eles usaram revólver, pistolas e faziam menção à presença de outras armas, como fuzis escondidos no carro do grupo.
De acordo com o delegado da DIG, o levantamento dos produtos roubados ainda não foi concluído pela empresa, mas estima-se que pelo menos 40 mil itens foram levados. Não há ainda especificidades dos produtos, que foram transportados em sete caminhões da quadrilha. Para despistar, os veículos não saíram em comboio.
O titular da Delegacia de Investigações Gerais não revelou quantos funcionários ficaram de fato rendidos na ação, mas disse que no momento do assalto, havia 200 funcionários na empresa. Já a Samsung informa que 50 operários foram feitos reféns. Ninguém ficou ferido na ação, mas segundo Fernandes, os que ficaram reféns foram gravemente ameaçados.
Destino da carga
A polícia acredita que a carga tivesse um destino certo, provavelmente, no mercado informal. Uma das prioridades da equipe de investigação é recuperar o material, que o delegado não soube informar se estava completamente coberto por um eventual seguro da multinacional. "Nós acreditams que os destinatários desses objetos possuem um mercado fácil e corrente, na informalidade", afirmou Fernandes.
Relação com roubo da Apple
A Polícia Civil de Campinas investiga se a quadrilha que invadiu a Samsung é a mesma que atuou no roubo também milionário de equipamentos da Apple, em Viracopos, em outubro de 2012. Na ocasião, um grupo, armado com metralhadoras e pistolas, invadiu o aeroporto e roubou uma carga de iPhones e iPads avaliada em R$ 3,9 milhões. O grupo rendeu pelo menos oito funcionários e vigilantes do galpão da companhia aérea TAM Cargo e fugiu.
"Nós investigamos essa relação. Alguns integrantes de quadrilhas deste e de outros roubos semelhantes que ocorreram na região já foram identificados e tivemos até mandados de prisão contra alguns", afirmou o delegado.
Fernandes afirmou que existe uma possibilidade do grupo que atuou no roubo desta segunda ter vindo de outras cidades. "Em Campinas nós temos grandes empresas de logística e grandes empresas que produzem material de grande valor agregado. Em razão disso, algumas quadrilhas são atraídas para a região", disse.
O roubo
Pelas imagens do sistema de segurança é possível ver um caminhão circulando dentro da fábrica. Em outro trecho, há uma movimentação dentro da empresa, são homens andando pelo local com celulares e rádios. Não é possível dizer se estão armados.
De acordo com a polícia, a quadrilha chegou à empresa por volta de 0h desta segunda-feira (7). Funcionários do setor de distribuição ficaram sob poder do bando. O grupo deixou o local por volta das 3h. As imagens mostram também caixas sendo retiradas e colocadas em um caminhão.
Segundo a polícia, funcionários da empresa que estavam em uma van foram rendidos em uma estrada. Eles foram levados até a fábrica, guiados pelos criminosos, para afiançar a entrada dos criminosos.
Ao entrar na Samsung, a quadrilha rendeu inicialmente os seguranças do setor de distribuição e, em seguida, os vigias da portaria. "Retiraram os armamentos deles e as munições e deixaram eles trabalhando normalmente, nos mesmos postos como se nada tivesse acontecido", disse o tenente da Polícia Militar Vitor Chaves.
O que diz a multinacional
Por meio de nota, a Samsung lamentou o ocorrido e disse que a polícia está investigando o incidente, e que tem cooperado com as autoridades policiais. Além disso, informou que a carga roubada da fábrica está avaliada em aproximadamente R$ 14 milhões e que na ação 50 funcionários foram feitos reféns.
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