Até o final deste mês, a primeira etapa do Trecho Leste do Rodoanel de São Paulo será entregue ao tráfego. Trata-se dos 35,8 quilômetros da autopista, entre o Trecho Sul (em Mauá, na Região Metropolitana) e a Rodovia Ayrton Senna. Já a segunda etapa, que corresponde aos 7,7 quilômetros restantes, que vão até a Rodovia Presidente Dutra (onde começará a parte Norte do Rodoanel), deverão ser concluídos apenas no segundo semestre.
A informação foi transmitida pela Agência Reguladora de Transporte do Estado (Artesp). A última previsão de entrega da obra foi feita pelo governador Geraldo Alckmin, que esteve em Santos no mês passado.
Na ocasião, ele confirmou a entrega do primeiro trecho para o final deste mês e a conclusão da segunda etapa no próximo mês. No entanto, a Artesp aponta a conclusão total da obra para o segundo semestre.
De acordo com a SPMar, concessionária responsável pelo empreendimento, o trecho 1 têm hoje quatro frentes de trabalho. O cruzamento com a linha férrea em Ribeirão Pires, o viaduto da SP066 entre Suzano e Poá, os trechos do Itaquareia e o entroncamento com a Rodovia Ayrton Senna em Itaquaquecetuba ainda estão em obras.
Nestes locais, é feita a concretagem das últimas lajes, na finalização das barreiras de concreto e nas juntas de dilatação. Simultaneamente quatro acabadoras executam a camada final do pavimento.
Os outros pontos estão em fase de acabamento, com a colocação das placas de sinalização, além de pinturas das faixas e a instalação das taxas refletivas na pista e nas barreiras de concreto.
O Túnel Santa Luzia, em Ribeirão Pires, está iluminado. Já os aparelhos de ventilação estão em fase final de testes. Nesta semana, a SPMar prevê a instalação dos pórticos para a colocação dos painéis de mensagem variável e ainda a aplicação do circuito fechado com a conexão das câmeras ao centro de controle operacional.
A extensão Leste promete encurtar em pelo menos um terço o tempo de viagem entre o Porto de Santos e o Aeroporto Internacional de São Paulo, o de Cumbica, em Guarulhos. Todo o projeto custou R$ 3,2 bilhões, nenhum centavo proveniente do poder público.
O trecho está em construção desde agosto de 2011, cinco meses depois de o contrato entre a concessionária SPMar e o Governo do Estado ser assinado, em março. O prazo de três anos (36 meses) começou a contar após a formalização do acordo. Portanto, era esperada a conclusão da pista há aproximadamente dois meses. Ciente de que não poderia cumprir, a empresa pediu mais 90 dias.
O contrato prevê uma penalidade diária de R$ 417 mil, a ser contabilizada ao final, quando a obra estiver totalmente concluída. A empresa, entretanto, já foi multada em pelo menos R$ 251 mil em razão dos atrasos para a entrega, ao Estado, do projeto original, em 2011.
Anel viário
O Trecho Leste é a terceira parte do Rodoanel Mário Covas. As pistas Sul e Oeste já foram entregues e o anel rodoviário deve ser concluído só em 2016 – quando será finalizado o Trecho Norte, realizado pelo Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), estatal do Governo de São Paulo.
Além de Ribeirão Pires, o Rodoanel Leste passa por Arujá, Mauá, Poá, Itaquaquecetuba e Suzano, cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Diferentemente dos demais trechos, este será iluminado e terá um dos traçados de pontes e viadutos mais compridos de todo o Brasil. Dos 43,5 quilômetros do Leste, 16,8 quilômetros serão de pontes e viadutos, distância superior à Ponte Rio-Niterói.
O modelo de concessão é diferente daquele adotado em projetos semelhantes no Brasil: todo o investimento é privado. A concorrência foi vencida pela SPMar, cuja oferta apresentava um deságio de 63% ante o preço predefinido. A cifra foi aplicada na construção, em desapropriações, no reassentamento e em projetos ambientais. O retorno do investimento está previsto para acontecer em até 20 anos.
Por isto, a concessionária poderá administrar o trecho por pelo menos 32 anos. Nos próximos dois, deverá ocorrer a interligação com os 44 quilômetros do Trecho Norte, fechando, após mais de uma década, o Rodoanel que estava previsto para ser concluído pelo Estado ainda no final do último século.
Norte
Com a entrega do Trecho Leste do Rodoanel, todas as atenções se voltam para a construção trecho do anel viário, o Norte. Com 44 quilômetros de extensão, ele é construído por seis empresas, que disputaram uma licitação internacional (a maior da época). O valor total do empreendimento, gerenciado pela Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), empresa do Estado, é de R$ 5,6 bilhões.
O plano do Governo do Estado é que o Trecho Norte contribua para retirar, do centro de São Paulo, os veículos comerciais que têm como destino o Porto de Santos. Com a parte Norte, o Rodoanel interligará as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias com o Sistema Anchieta-Imigrantes, principal acesso terrestre ao cais santista.
A expectativa é de que 75 mil veículos passem por dia pelo Trecho Norte. Destes, 35 mil serão só caminhões – 18 mil deixariam de entrar em São Paulo em direção a outros destinos, como o complexo santista. Segundo a Dersa, a rodovia é chamada de Classe Zero – tem controle de acesso, sete faixas de rolagem e velocidade liberada de 100 Km/hora.
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