
O Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou, nessa quarta-feira (19), um novo aumento da taxa Selic, que passou de 13,25% para 14,5% ao ano – o maior nível desde 2016. A alta dos juros gera preocupações para o setor de transporte, pois encarece o custo do crédito para investimentos em infraestrutura e operações, dificulta o acesso a financiamentos, eleva o endividamento de empresas e famílias e desacelera o crescimento econômico. Com isso, a demanda por serviços de transporte pode ser diretamente impactada, uma vez que o setor depende do desempenho da economia como um todo.
A análise faz parte do Boletim de Conjuntura Econômica de março, publicado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) nesta sexta-feira (21). O documento acompanha os principais indicadores econômicos e seus impactos sobre o setor transportador.
Embora o PIB (Produto Interno Bruto) tenha fechado 2024 com um crescimento de 3,4% – o maior desde 2021 –, o ritmo de expansão vem desacelerando. Na comparação com os trimestres anteriores, o PIB cresceu 1,3% no segundo trimestre de 2024; 0,7% no terceiro trimestre; e apenas 0,2% no quarto trimestre. Para 2025, a expectativa do mercado é a de um crescimento mais modesto, com projeção de 1,9% ao final do ano.
O crescimento do PIB em 2024 foi impulsionado principalmente pelo aumento do consumo das famílias, que avançou 4,8%, refletindo-se na melhora no mercado de trabalho, na expansão do crédito e nos programas governamentais de transferência de renda. Outro fator relevante foi o crescimento de 7,3% nos investimentos (formação bruta de capital fixo), elevando a participação do investimento no PIB de 16,4% em 2023 para 17,0% em 2024.
A gerente de Economia da CNT, Fernanda Schwantes, ressalta que o Brasil mantém uma taxa de investimento historicamente baixa, o que limita o potencial de crescimento do país. “O investimento é um fator essencial para a economia, pois amplia a capacidade produtiva e impulsiona o desenvolvimento no longo prazo. Para elevar esse patamar, é fundamental garantir segurança jurídica, equilíbrio fiscal e redução da taxa de juros de longo prazo”, destaca.
Outro dado preocupante é a alta da inflação. O IPCA acumulado em 12 meses atingiu 5,06% em fevereiro, ultrapassando, pelo quinto mês seguido, o teto da meta de 4,5% ao ano, estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
O índice de fevereiro registrou 1,37%, a maior taxa para o mês em 22 anos. Entre os principais fatores de pressão, está a inflação dos combustíveis, que avançou 2,89% no período. O aumento foi impulsionado pelo reajuste de preços da Petrobras aos distribuidores, válido a partir de 1º de fevereiro, e pela elevação do ICMS, determinada pelo Convênio nº 126/2024 do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Essas medidas impactaram os preços de todos os combustíveis ao longo do mês.
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