Vez & Voz cria um indicador para a avaliar a evolução da participação das mulheres no setor e analisar as políticas das empresas na atração, retenção e valorização das profissionais
O Movimento Vez & Voz, lançou no fim do mês de março um relatório com o indicador que tem por intenção registrar como está a evolução quantitativa e qualitativa em relação às políticas de equidade de gênero por parte das empresas do setor. Os resultados servem de base para discutir, de forma objetiva, ações futuras.
“O índice nasceu de um grupo de trabalho criado depois do primeiro encontro do Vez & Voz. Capitaneado pelo IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Carga), feito à muitas mãos”, informou a coordenadora da Comissão do Vez & Voz, Camila Florencio.
Já na segunda edição do encontro, a economista do IPTC, Raquel Serini, apresentou o indicador. Ela revelou que de uma escala que vai de 01 até 100, o Índice de Equidade do Transporte está em 37, apontando que o setor ainda precisa melhorar muito em políticas de combate ao assédio, no aspecto de diversidade, em programas de benefícios, além de dar oportunidade para as mulheres em cargos de alta posição.
“Disseminando este estudo vamos alcançando o nosso objetivo. Hoje a mulher no TRC está muito mais no administrativo e em cargos de gestão preliminares como o de supervisão, mas ainda não, em funções de alta liderança”, compartilhou Serini.
Por outro lado, em se tratando de promover capacitação e treinamentos para as profissionais, o setor teve um resultado razoável. “De modo geral, não vejo os resultados apurados como sendo negativos, mas sim de esperança, daqui em diante caminhamos para uma evolução”, falou.
Mais do que possibilitar uma visão completa do setor, as empresas que participaram da pesquisa receberam seus relatórios individuais, para que possam melhorar nos quesitos que tiveram menor destaque.
“Muitas vezes, isso pode ser feito sem nenhum investimento, como por exemplo, implementar uma escuta ativa. Com o relatório a empresa pode ver onde se encontra dentro do índice, e para onde ela pretende ir”, conta a economista.
Além do foco na área operacional, o Índice de Equidade também exibe questões como: o compromisso da empresa em atrair, reter e desenvolver a carreira de mulheres nos mais diversos níveis e setores.
A dificuldade de fazer equiparação salarial foi outro ponto do estudo, que chamou a atenção de Luciana Mello, gerente de Recursos Humanos e de ESG no Grupo Mirassol. “Precisamos trazer a luz a este tema e reconhecer a mulher quando ela merece ser reconhecida”, disse.
Um recorte voltado da área mais escassa de profissionais mulheres no setor: a operacional — constatou na média geral de todas as mulheres que trabalham nas transportadoras, no máximo 3% atuam como motoristas. Contudo, 90% das empresas que responderam à pesquisa afirmam que as contratações são feitas sem que o gênero influencie na escolha.
De acordo com a Secretaria Nacional do Trânsito (SENATRAN), no Brasil, as mulheres representam 35,48% das CNHs válidas, de um total de 79,92 milhões, enquanto os homens somam 64,62%.
Mesmo diante de uma grande diferença entre os gêneros, na categoria ‘E’, de veículos pesados (carretas, caminhões com reboques e articulados) vem aumentando a participação das mulheres. Em 2022, houve um crescimento de 9,01%, em comparação com o ano anterior.
Para Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP e idealizadora do Movimento Vez & Voz, mesmo que esteja longe do ideal, este é um avanço a ser considerado.
“Precisamos comemorar as pequenas vitórias para que possamos caminhar com ainda mais força rumo ao nosso objetivo. Já é de muita felicidade ver esse aumento de 9% nas emissões das CNHs de carretas, isso mostra que as mulheres estão se qualificando para entrar no setor, que, inclusive, tem muitas oportunidades”, afirma.
“Quando temos a atuação das mulheres nas estradas, conseguimos ver uma diminuição nos números de roubo de cargas e de acidentes, enquanto a produtividade aumenta. Precisamos ter um olhar especial voltado para ações que contribuam com a inclusão delas”, destaca o presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP, Adriano Depentor.
“Estamos cada vez mais unidas para que a inclusão e a valorização das mulheres sejam pautas importantes e constantes em seus processos, no transporte rodoviário de cargas e também em outros setores”, complementa Jarrouge.
A pesquisa com a coleta de dados que resultou no Índice de Equidade no TRC foi realizada entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023. Essa primeira edição do estudo contou com a participação de quase cem empresas que representam cerca de 50 mil colaboradores. O estudo está disponível na íntegra gratuitamente para consulta.
Clique e baixe o relatório completo.
Escala do Índice de Equidade
Resultado com a média geral do TRC
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