Chegou a versão atualizada do Guia de Restrições. Confira o que mudou para facilitar sua roteirização
Aqui pode, ali não. Lá já dá. Fazer entregas nas regiões metropolitanas de São Paulo até parece um dominó. Nem sempre se pode ir de um ponto a outro para o descarregamento, porque é preciso considerar as regras de restrições de cada município, e às vezes, essas proibições são como peças que não se encaixam.
Para facilitar o jogo, o SETCESP por meio do IPTC, lançou o Guia de Restrições, uma publicação criada em 2017, que vem sendo atualizada ano após ano pelo Instituto. Ganhou reformulações, incluindo, a liberação do VUC no rodízio municipal em São Paulo, e sua mais nova versão, já está disponível no site e pode ser baixada gratuitamente.
As mudanças que ocorreram no ano passado são bastante consideráveis. Houveram 15 alterações realizadas pelos municípios, sendo elas de horário ou de inclusão da padronização de medida do VUC (Veículo Urbano de Carga). Dez novos municípios foram incluídos na listagem do Guia, porque determinaram alguma mudança que afeta o trânsito de veículos rodoviários de cargas.
“Atualizamos as informações para que as transportadoras consigam consultar estas áreas e fazer sua roteirização com mais eficiência. Pesquisamos os 50 municípios da base territorial do SETCESP. Em 2022, havia 26 municípios com restrições, agora são 36”, contou a economista do IPTC, Raquel Serini.
Entre as principais mudanças que entraram no radar da publicação estão as novas proibições de circulação no município de Barueri, uma cidade próxima da capital paulista e de grande concentração de transportadoras.
Por lá, teve um aumento expressivo de avenidas e alamedas que passaram a ser restritas. “A gente percebe que são pontos de grande circulação e o que preocupa mais é que a cidade possui acessos a rodovias importantes como a Castelo Branco e o Rodoanel Mário Covas”, nota Serini.
Outros casos que chamam a atenção, é que onde havia restrições em intervalos de horas passaram a ter proibições permanentes, isso ocorreu em Bragança Paulista e Caieiras. Já em Jundiaí, o que mais dificulta são as janelas de horários com intervalos diferentes dentro do município. “Em um dos pontos da cidade está restrita a circulação entre 22h e 6h, em outro das 7h às 19h e em mais um local, não é permitido o tráfego das 10h às 23h”, observa a economista.
De acordo com o analista de dados do IPTC, Ricardo Silva, a proibição pulverizada dentro de um mesmo município torna muito complexa uma operação de entrega, porque não é só considerar no planejamento quando é possível entrar, mas também exige cautela quanto a hora de sair. “Fora que, um dia em que o transportador faria duas ou três entregas, ele consegue apenas fazer uma. Isso limita o trabalho, compromete a produtividade e eleva o custo da atividade”.
Um dos papéis do Guia de Restrições é dar foco ao VUC, que é o mais utilizado para o abastecimento urbano, só que existe um problema com relação à padronização do tamanho do veículo. Em alguns municípios o tamanho regulamentado do VUC é de 7,20 metros, é o caso de São Paulo, porém existem cidades que consideram o tamanho de 6,30 metros.
“Já que há permissão para a circulação do VUC, que haja uniformidade quanto ao tamanho para que esteja claro o que está proibido ou permitido. Assim, as empresas podem se organizar, sem prejudicar o abastecimento”, pondera Silva.
Aliás a falta de transparência de alguns municípios foi um dos pontos que dificultou o levantamento das informações. A pesquisa para atualização do Guia 2023 durou cerca de um mês com informações colhidas no site ou por telefone.
Muitas determinações foram difíceis de encontrar, como relata a pesquisadora Nicole Lázaros: “algumas prefeituras dificultam o acesso à informação, como se não fosse de interesse público”. A pesquisadora conta que mesmo com o bom relacionamento do Instituto com os municípios, e já tendo uma base de dados ampla, descobrir as informações exigiu um trabalho detalhado e profundo.
Fora isso, há um agravante quanto a formalização das determinações. “Existem restrições que não estão normatizadas. Algo que foi estabelecido pela Secretaria de Transporte e Trânsito do município, mas que não foi publicado no Diário Oficial. Ou seja, a regra existe, mas sem regulamentação formal”, relata a pesquisadora.
Segundo os analistas que trabalharam na atualização do Guia, foi possível observar um efeito cascata em relação às restrições. Conforme os maiores municípios foram restringindo, aqueles localizados ao lado, também vão determinando suas regras. “Talvez isso ocorra pela preocupação de ser considerada uma rota alternativa, e assim passar a receber um tráfego mais intenso, que comumente seguia por outra região”, aponta a economista.
Serini avalia, “mesmo que uma restrição para o transporte de cargas não seja algo positivo, o nosso trabalho foi garantir, que ao menos, as orientações estejam disponíveis de forma prática, para que a empresa de transporte circule da maneira adequada sem infringir a legislação”.
Importante lembrar que as multas por transitar em locais e horários não permitidos pela regulamentação estabelecida é de R$130,16 considerada infração média, com aplicação de quatro pontos da Carteira Nacional de Habilitação.
Então vale a dica: consultar o Guia de Restrições 2023 para facilitar o jogo e encaixar de forma eficiente todas as peças, quer dizer, as entrega. Para desta forma, o transportador sair ganhando.
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