No Agosto Lilás, o movimento traz o foco para a proteção da mulher
A campanha Agosto Lilás foi criada em comemoração à Lei Maria da Penha (Lei 11.340 de 2006), e propõe uma reflexão e conscientização pelo fim da violência contra a mulher. No último dia 07, a Lei completou 16 anos.
Como o Vez & Voz traz a luz assuntos que permeiam o universo feminino, e infelizmente a violência de gênero é um deles, na manhã de ontem (11) o movimento realizou uma live, pelo canal do Youtube do SETCESP, com a participação da delegada, Raquel Gallinati, da terapeuta integrativa, Thaís Santesi e com a mediação de Joyce Bessa, head de gestão estratégica, finanças & pessoas na TransJordano.
“Esse é um tema delicado, mas não pode ficar de fora das nossas discussões. A Lei Maria da Penha é um excelente instrumento jurídico, porém, ainda assistimos muitos casos de violência doméstica e alguns deles acabam até em feminicídio” lembrou Bessa.
Raquel Gallinati contou um pouco de sua trajetória como delegada de polícia e quais as medidas legais e práticas que as mulheres têm para sair do ciclo de violência.
“Todo agressor se apresenta primeiro como um príncipe encantado. Ele torna a vítima dependente emocionalmente dele, por isso muitas delas tendem a proteger o criminoso, e até achar que merece aquelas agressões que sofrem” revelou ela.
Santesi, também é fundadora do Projeto Bastê, que presta apoio à mulheres que sofrem violência doméstica, e explicou o porquê é difícil romper com um relacionamento abusivo. Ela mesmo foi vítima desse tipo de violência, e compartilhou sua experiência pessoal que a levou a fundar o projeto.
“Ele (o agressor) intercalava rompantes de agressividade, com momentos de carinho. Eu sofria de uma dissonância cognitiva porque, quem vive isso, não sabe ao certo o que está sofrendo é o que chamamos de “desamparo aprendido” – seu cérebro entende que não existe saída, e que não há o que fazer”, contou a terapeuta.
Ela continuou explicando “eu comecei a estudar sobre esse tema para tentar entender o que era violência doméstica, porque ela não é só física, mas também emocional e financeira, e consegui sair desse relacionamento”.
“Estatísticas mostram que, em média, só após a sétima vez que sofre as agressões é que a vítima vai buscar ajuda”, informou Gallinati. Para ela, a sociedade ainda erra muito, pois tende a julgar as vítimas, tanto de violência doméstica, quanto sexual. “Como se de alguma forma o crime pudesse ser justificado”.
A delegada destacou também que quando não há denúncia isso fortalece o agressor. “Só que para denunciar a mulher tem que querer sair desse relacionamento. Não dá pra querer ‘dar um susto’, tem que pôr um fim na relação”.
As mulheres que sofrem de violência costumam dar sinais do que estão passando, que podem, inclusive, serem percebidos por quem está próximo, familiares, colegas de trabalho e gestores.
“Mulheres que no trabalho ficam o tempo todo angustiadas, com comportamentos vigilantes, que dão desculpas para machucados, inventam história mirabolantes, estão apresentando indícios dessa violência. E se é um crime, quem está próximo tem que se meter sim, porque a sociedade não pode ser omissa”, declarou Gallinati.
Combata você também os casos de violência doméstica!
Para denunciar e buscar ajuda às vítimas ligue 180 que é a Central de Atendimento à Mulher.
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