Em live, realizada hoje pela manhã (06), foi apresentado como as empresas podem ajudar a mudar esse cenário abusivo no País
Uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirmou ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgada em junho de 2021.
Conhecido como “Agosto Lilás”, este mês é tradicionalmente marcado por ações de combate à violência contra a mulher e, para tratar desse tema, que é tão importante para toda a sociedade, o Vez e Voz apresentou hoje, pela manhã, a live Violência Contra Mulher: não vamos nos calar.
“Mulheres podem trazer para o trabalho o reflexo da violência sofrida em casa, e cabe a todos nós identificar os sinais e ajudar essa mulher a sair deste ciclo de agressão”, disse Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP.
Desde o início da pandemia de Covid-19, o que já era ruim piorou. Mais e mais mulheres passaram a ficar em casa, muitas vezes, com seus agressores. E isso, fez com que os números de casos de violência doméstica aumentassem.
“Quem não se dava bem, passou a se dar ainda pior”, contou a Dra. Luiza Nagib Eluf, que é advogada, promotora e procuradora de Justiça aposentada do Ministério Público de São Paulo e foi uma das convidadas da live.
Durante sua apresentação, a Dra. Eluf expôs que existe no Brasil uma doença social, que nos faz conviver com esses números de violência, que são um completo absurdo. “Nós temos boas Leis, que podem ajudar as mulheres, entretanto, há um problema cultural. Desde pequenas vem sendo incutido nas crianças a violência contra mulher como algo aceitável, e não é. Precisamos mudar urgente essa mentalidade”.
A Lei Maria da Penha, instituída para coibir atos de violência contra a mulher, completará 15 anos neste sábado (7). Além disso, o Governo Federal acabou de sancionar a Lei nº 741/2021, do Sinal Vermelho, que altera a modalidade da pena da lesão corporal simples cometida contra a mulher, e cria o tipo penal de violência psicológica.
Também para falar sobre o assunto, Thaís Santesi, terapeuta integrativa e fundadora do Projeto Bastê, que oferece serviços à vítimas e sobreviventes de relacionamentos abusivos, contou sobre sua própria experiência de abuso e como conseguiu sair do ciclo de violência e montar uma rede de apoio para as mulheres, que também sofrem ou sofreram com esse crime.
“As relações abusivas são parecidas. No começo tudo é muito rápido e intenso. Quando se chega no ponto da violência física você já está envolvida demais, e vai se sentindo culpada e faltam forças para sair”, compartilhou Santesi.
Ela falou das sete fases de uma relação abusiva: o adestramento, o isolamento, a troca de faces (a intercalação entre brigas e reconciliação), o gaslight (o ato de fazer a mulher acreditar que está louca), o falso arrependimento, e a triangulação (fase em que o agressor começa a envolver terceiros na relação, para comparar com a vítima). “Se você tiver informações sobre isso, você já avalia no começo e consegue sair da relação antes que as coisas piorem, o problema é quando se vai relevando” alertou.
A dificuldade da vítima em sair de relação abusiva foi bastante destacada, tanto pela advogada quanto pela terapeuta, mas ambas foram unânimes em afirmar que, para que as mulheres saiam do ciclo de violência doméstica o apoio é fundamental.
“A mulher que sofre abuso reiterado, precisa de ajuda. Seja dentro da empresa em que trabalha, de um familiar ou de um vizinho”, comentou Eluf, encorajando a todos a oferecerem suporte quando observarem esses casos de violência. “Mulheres não tenham medo, o medo é paralisante”.
Saiba como denúncia a violência contra mulheres:
- Disque 100
- Ligue 180
- Mensagem pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008
- Telegram, no canal “Direitoshumanosbrasilbot”
- CHAT de denúncia da Ouvidoria do Ministério
- Aplicativo “Direitos Humanos Brasil” (para iOS e Android)
Assista a live na íntegra:
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