Segundo a instituição, retração global deve ser de 4,5%, estimativa também menor que a anterior, de recuo de 6%, mas a pandemia terá impacto maior nos países pobres
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou sua projeção para o comportamento da economia brasileira em 2020, mas previu que a retomada no ano que vem será menos robusta do que o imaginado há três meses. Pelos cálculos da entidade, que tem sede em Paris, o Produto Interno Bruto (PIB) doméstico terá retração de 6,5% este ano, mais suave do que a estimativa de queda de 7,4% apresentada em junho. Para 2021, a previsão é de que a atividade brasileira se expanda 3,6%, taxa 0,06 ponto porcentual inferior à apresentada há três meses.
As atualizações dos números fazem parte do relatório Economic Outlook preliminar de setembro, divulgado nesta quarta-feira, 16, pelo organismo multilateral. A instituição apresentou suas estimativas para a economia global e costuma dar ênfase para seus membros. O Brasil pleiteia uma vaga na OCDE, mas ainda não faz parte da Organização. Há anos, no entanto, é considerado um país-chave pela instituição, que costuma dar espaço para análises sobre o Brasil.
Em junho, além de prever uma contração mais acentuada da economia nacional, a OCDE alertava que o PIB brasileiro poderia chegar a cair até 9,1% este ano se o País se deparasse com uma segunda onda da pandemia de coronavírus no último trimestre de 2020.
Retração global
A China e outras grandes economias sofrerão danos menores do que se imaginava com a pandemia do novo coronavírus, segundo a OCDE, mas a situação de emergência sanitária global terá um impacto maior nos países pobres.
A instituição estima que o PIB global terá contração 4,5% este ano, menor do que estimativa em junho, de queda de 6%, mas alerta que a recuperação deverá desacelerar a partir deste mês e continuar vulnerável a novos surtos de covid-19. A entidade não espera que uma vacina contra a doença esteja amplamente disponível antes do fim do próximo ano.
Para os Estados Unidos, a previsão para 2020 melhorou de -7,3% em junho para -3,8% no novo relatório. Para a zona do euro, a estimativa foi de -9,1% para -7,9%. A revisão mais notável foi a da China, que passou de contração de 2,6% para crescimento de 1,8%.
A OCDE espera que os EUA recuperem as perdas deste ano em 2021, mas apenas se o Congresso americano fechar um novo acordo de estímulos fiscais com valor em torno de US$ 1,5 trilhão.
Por outro lado, países pobres deverão sofrer um golpe maior na produção do que se imaginava em junho, em função da continuidade da disseminação da covid-19 e por disporem de menos recursos para proteger empregos e negócios.
A OCDE prevê que a Índia, por exemplo, registrará contração de 10,2% em 2020. Há três meses, a estimativa era de queda de 3,7%. Recentemente, a Índia ultrapassou o Brasil em número de casos de coronavírus, com quase 4,7 milhões de infecções no último sábado, 12, ficando atrás apenas dos EUA. A entidade também piorou sua estimativa para o PIB da África do Sul, de -7,5% para -11,5%.
Para 2021, a OCDE reduziu levemente sua expectativa de avanço da economia global, de 5,2% para 5%. No melhor dos cenários, com menos restrições ligadas à covid-19 e uma vacina mais próxima de se tornar realidade, a entidade acredita que o PIB mundial poderá crescer 7% no próximo ano. Em um quadro de medidas mais severas para conter a doença e de adiamento de uma vacina, o mundo cresceria apenas 2,5% em 2021, prevê a organização.
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