‘Prévia’ do PIB indica que economia brasileira cresceu 0,89% em 2019
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Se confirmado, número mostrará terceiro ano de seguido de expansão da economia, mas com desaceleração. Resultados do IBC-Br nem sempre batem com o PIB, que será divulgado em março

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, considerado uma “prévia” do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), aponta que a economia brasileira cresceu 0,89% em 2019. O indicador foi divulgado na sexta-feira (14) pela instituição.

Se confirmado, esse será o terceiro ano seguido de expansão econômica, mas representará desaceleração frente ao ritmo registrado em 2018 – quando o PIB do país cresceu 1,3% (número revisado).

O resultado oficial do PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, será divulgado somente em 4 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.

O mercado, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, estima uma expansão de 1,12% para a economia brasileira em 2019.

O Ministério da Economia também estima uma alta de 1,12% e, para o BC, o crescimento será de 1,2% no último ano.

Para 2020, o mercado financeiro estima uma alta de 2,3% para o PIB. Entretanto, economistas avaliam que a crise do coronavírus, iniciada na China, tende a impactar a economia global, puxando essa taxa de crescimento para baixo.

Em São Paulo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou nesta sexta-feira que, nas análises de agentes do mercado, o impacto sobre o crescimento do PIB brasileiro varia “consideravelmente”: oscilando de 0,1 a 0,4 ponto percentual para baixo.

Mês a mês

No comportamento mensal, o IBC-Br, a “prévia” do PIB do BC, registrou queda em seis dos doze meses do ano passado (valores revisados). O resultado foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes).

Segundo a instituição, o indicador do nível de atividade começou o ano passado com estabilidade (leve alta de 0,01%) e recuou nos três meses seguintes, voltando a registrar expansão somente em maio e junho. Depois de recuar em julho, voltou a crescer nos meses seguintes, mas terminou 2019 em queda.

Fatores de impacto em 2019

Em termos de impacto no nível de atividade, 2019 foi marcado pelo rompimento da barragem de Brumadinho, no início do ano e, também, por incertezas no ambiente externo, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos e a recessão na Argentina – que influenciaram o resultado comercial.

Esses choques, segundo o Banco Central, “custaram” 0,67 ponto percentual ao crescimento da economia no ano passado. Sem esses eventos, a conclusão da instituição é de que o PIB teria uma alta maior, nesta mesma proporção, no ano passado.

Além disso, o governo conseguiu aprovar em 2019, com apoio de lideranças políticas, mudanças nas regras de aposentadoria do INSS e de servidores públicos, com impacto nas contas públicas estimado (economia) de R$ 855 bilhões em 10 anos.

As mudanças na Previdência aumentaram a confiança dos investidores na economia, influenciando a Bolsa de Valores – que registrou valorização de 31,58% -, e permitiram, junto com o fraco ritmo do nível de atividade, uma queda da básica de juros da economia para mínimas históricas.

Para tentar aquecer a economia, o governo Bolsonaro também anunciou, no ano passado, a liberação de saques das contas inativas, e ativas, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), injetando cerca de R$ 30 bilhões na economia em 2019.

Indicadores econômicos

O ano passado foi marcado pelo queda de 1,1% na produção industrial. Com o resultado de dezembro, a indústria brasileira operou 18% abaixo de seu ponto mais alto, registrado em maio de 2011.

As vendas do comércio varejista cresceram pelo 3º ano seguido em 2019, mas perderam ritmo. Segundo o IBGE, o crescimento do setor só não foi maior por conta do segmento de hipermercado, que foi o que impulsionou as altas de 2017 e 2018.

Já o volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1% em 2019, interrompendo sequência de 4 anos sem crescimento. O desempenho foi puxado por empresas que atuam nos segmentos de portais, provedores de conteúdo, serviços de informação e tecnologia da informação, assim como pela locação de veículos (aumento de motoristas de aplicativos).

Com os juros mais baixos, o Indicador do Ipea de investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) registro um crescimento de 2,1% no ano passado. Já o Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais – parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno acrescida das importações – registrou queda de 0,2% em 2019.

A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 11% no trimestre encerrado em dezembro, atingindo 11,6 milhões de pessoas. Foi a terceira queda seguida do indicador, que ficou em 11,2% nos três meses até outubro. Com isso, ficou no menor patamar desde o trimestre encerrado em março de 2016.


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