Infraestrutura e concessões reaproximam China e Brasil
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Paralisação de grandes obras nos últimos anos criou um ambiente de oportunidades para empresas e bancos chineses, com capital para investir em áreas estratégicas

“Os chineses têm interesse, capital e experiência para impulsionar as grandes obras de infraestrutura no país”. Foi com essa declaração que o vice-presidente da República, e presidente em exercício, o general Hamilton Mourão, encerrou sua participação na Conferência Anual do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), que reuniu ontem empresários brasileiros e chineses na capital paulista. A afirmação marcou uma espécie de reaproximação oficial do país com a segunda maior economia do mundo e maior parceiro comercial do Brasil. A relação estava arranhada desde que a política externa do novo governo expressou publicamente sua preferência por países como Estados Unidos e Israel. “A China reconhece o Brasil como um importante parceiro regional, e nós temos a consciência de que a instabilidade política brasileira não tem contribuído para o desenvolvimento econômico”, completou Mourão.

O Brasil quer ampliar e diversificar sua relação comercial com a China, segundo declarou o vice-presidente. Tanto é que, depois da visita do presidente Jair Bolsonaro à China, em outubro, está prevista a vinda do líder chinês Xin Jinping. “Temos procurado construir relações de confiança e criar o ambiente propício para a ampliação e a diversificação das relações econômicas com a China. Essa disposição se mostra ainda mais pertinente no contexto de acirramento do enfrentamento econômico e comercial entre China e Estados Unidos”, afirmou Mourão.

Entre os empresários, o clima é de aprimoramento da diplomacia. De acordo com o CEO da alemã Siemens no Brasil, André Clark, o interesse de as empresas e bancos chineses de investir mais em todo o mundo e a necessidade de capital para obras no país criam o ambiente apropriado para o fortalecimento das relações entre os dois países. “Estamos confiantes que o cenário econômico global favorece a aproximação entre brasileiros e chineses, com grandes oportunidades de bons negócios para os dois lados”, disse o executivo.

Urgência

De fato, o Brasil vive um represamento das grandes obras. O estudo da Inter.B Consultoria mostra que em 2018 o país desembolsou apenas 1,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura. O ideal, segundo a pesquisa, seria um acima de 4,15% para um país com as características do Brasil. Para 2019, a projeção é que a taxa fique em 1,87%, ainda abaixo da média registrada desde 2001, que é 2% ao ano. “O Brasil precisa, urgentemente, despertar para o fato de que crescimento econômico, geração de emprego e de renda passam pelo aumento dos investimentos em infraestrutura”, afirmou o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do CEBC.

Alvos

 Os principais focos de interesse dos chineses no Brasil são os setores de logística, varejo, energia, financeiro e agronegócio, com destaque para grãos e carnes. O embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, afirma que a China deverá dobrar o seu consumo de carne bovina até 2026, o que favorece o Brasil, grande exportador do produto. No evento, Wanming garantiu que o governo de Pequim quer reduzir ainda mais as tarifas alfandegárias e diminuir os custos institucionais das exportações na relação bilateral com o país.Para o Brasil, a expectativa é que as relações comerciais entre os dois países sejam mantidas, com indicativos de possíveis fortalecimentos. Apenas em 2018 o Brasil exportou para China o equivalente a US$ 64 bilhões, enquanto importou US$ 34 bilhões, o que representa um importante superávit para a indústria e comércio brasileiro. “Damos grande importância ao desenvolvimento de infraestrutura, alta tecnologia, transformação industrial tradicional, serviços sociais e novas regiões de crescimento. Queremos estar mais próximos do Brasil”, afirmou o vice-premiê Liu He, da Comissão de Estabilidade e Desenvolvimento Financeiro, em comunicado endereçado aos empresários brasileiros.


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