Estudo feito por AB em parceria com a Reed Exhibitions mostra que a renovação começou em 2018
A aguardada recuperação do mercado brasileiro de caminhões ganhou fôlego em 2018 e tende a continuar este ano. Esta é uma das conclusões da pesquisa Intenção de Compra de Caminhões, feita por Automotive Business em parceria com a Reed Exhibitions Alcântara Machado com o público visitante da Fenatran, Salão do Transporte Rodoviário, que teve a última edição em 2017 e acontece de novo em outubro deste ano.
O estudo foi realizado a partir de entrevistas on-line com 114 pessoas – 13% dos respondentes eram transportadores autônomos e 65% profissionais de empresas que têm mais de um caminhão. A seguir você conhece as principais conclusões da pesquisa, que foi apresentada com exclusividade no ABX19 – Automotive Business Experience, evento que reuniu 2 mil lideranças do setor automotivo no dia 27 de maio.
O efeito da crise para os transportadores
O mercado de caminhões sofreu redução dramática nos últimos anos, com queda do recorde de 172 mil unidades em 2011 para 50,2 mil veículos em 2016. Depois da forte baixa, em 2018 o segmento registrou alta nas vendas: 46,8%, segundo os dados da Fenabrave, contra uma expectativa de crescimento inicial de apenas 20%.
Segundo os entrevistados, o período anterior de retração, no entanto, provocou queda no volume transportado em 63% das organizações e fez com que 12% permanecessem estagnadas. Curiosamente, 26% dos respondentes registraram aumento de suas atividades nos últimos anos.
Renovação da frota já começou
O estudo revelou que a renovação da frota de caminhões já começou no ano passado, quando 51% das empresas apontaram ter investido na compra de veículos novos. Só 19% dos respondentes indicaram ter feiro isso entre 2012 e 2017, enquanto 13% declaram que a última vez que investiram em um caminhão foi até 2011, no período pré-crise.
Quando analisado o perfil das empresas que compraram veículos recentemente, fica claro que este é um movimento mais presente entre médias e grandes organizações, mais capitalizadas. Só 33% dos pequenos transportadores conseguiram investir em caminhões no ano passado.
Intenção de compra de caminhões
Dos entrevistados, 83% sinalizaram o plano de comprar caminhão em 2019. Índice um pouco maior, de 87% pretende investir em novos veículos nos próximos cinco anos. Entre 2022 e 2023 os caminhões vendidos no Brasil passarão a ter regras mais rigorosas de controle de emissão de poluentes (Proconve 8 ou Euro 6).
Em 2011, às vésperas de uma mudança equivalente na regulamentação, houve intensa antecipação das compras pelos frotistas, que buscavam garantir os preços mais baixos dos modelos com motores com a tecnologia que seria substituída. O movimento levou o mercado brasileiro ao recorde de 172 mil caminhões licenciados em apenas um ano. Desta vez, no entanto, quase metade dos respondentes, dizem que manterão sua estratégia de compra de caminhões inalterada apesar da mudança. Parcela de 13% declarou que pretende antecipar compras para garantir preços mais baixos, enquanto 19% disseram que pretendem aguardar para comprar caminhões mais modernos depois de 2022/2023.
Fatores que podem impactar os planos de compras
O crescimento robusto da economia e a oferta de crédito barato aparecem como os fatores com maior potencial de estimularem transportadores a comprarem veículos novos. Por outro lado, os grandes e médios empresários sinalizam que uma nova retração na economia poderá interromper aquisições. Para os transportadores autônomos ou frotistas, é a falta ou dificuldade de acesso ao crédito que poderia congelar planos – o que demonstra que os desafios variam de acordo com o porte da empresa.
Dificuldade de acesso ao crédito
Para 71% dos entrevistados, as linhas de crédito ainda são caras, com juros elevados. Somente 4% acham que é fácil obter financiamento. Por isso, a maioria dos empresários do setor (62%) gostaria que o governo desenhasse um programa de incentivos aos moldes do PSI (Programa de Sustentação do Crescimento), que durou até 2013 e garantiu taxas de juros subsidiadas para as compras de veículos comerciais.
O interesse em crédito mais acessível e as taxas menores de compras recentes de caminhões entre os transportadores autônomos ou de pequeno porte indicam que existe aí uma demanda reprimida: há interesse e necessidade de comprar veículos, mas é difícil obter financiamento.
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