Uma pesquisa com empresários do setor de transporte rodoviário apontou que 44,5 por cento dos entrevistados acreditam que as taxas de frete vão aumentar neste ano, na esteira da melhora da economia, o que poderia eliminar a necessidade de uma tabela com preços mínimos no segmento.
Segundo pesquisa da NTC&Logística, que representa o setor de transporte de cargas, a defasagem média do frete rodoviário caiu para 13 por cento, ante déficit entre custos e receitas de 17,2 por cento na sondagem divulgada em agosto do ano passado, com o efeito da melhora da economia e também da tabela do governo que instituiu no ano passado um piso mínimo para os preços do setor.
Para o presidente da NTC&Logística, José Hélio Fernandes, o setor está “esperançoso” de que a economia volte a crescer com o novo governo, e uma melhora da atividade econômica permitiria que a polêmica tabela de frete pudesse ser abandonada.
“A questão do piso do frete… a única coisa que vai resolver é a economia voltar a crescer. A economia crescendo 4 por cento, ninguém vai falar em piso de frete, porque o que regula isso é a oferta e demanda, e o problema será resolvido”, disse Fernandes à Reuters.
Na avaliação do dirigente, a tabela de frete mínimo não deveria existir –setores contratantes de transporte defendem que ela é inconstitucional. Mas, se existe, precisa de muito aprimoramento, disse ele.
“Desejamos que a economia volte a crescer e que o piso mínimo deixe de existir… para acabar com essa confusão, isso gera uma preocupação muito grande no setor empresarial”, acrescentou, referindo-se à tabela.
Entre os entrevistados pela pesquisa, que ouviu 1.500 empresários, 42 por cento acreditam que valor do frete no futuro ficará estável, e apenas 13,5 por cento avaliam que cairá.
Embora o presidente da associação tenha afirmado que a tabela de frete não deveria existir, 53,6 por cento dos entrevistados disseram que ela é “boa” para o transporte rodoviário de cargas, 24,7 por cento mostraram-se indiferentes e 21,7 por cento acreditam que ela prejudica o setor.
Após a instituição da tabela, em meados do ano passado, 13,8 por cento daqueles que responderam a pesquisa continuaram contratando terceiros, enquanto 30,3 por cento optaram pela substituição dos terceirizados.
Apenas 10,9 por cento dos entrevistados disseram que pagam acima do piso da tabela de frete aos terceiros, 39,9 por cento pagam “igual ou bem parecido” e 49,2 por cento ainda contratam abaixo do piso.
O levantamento apontou também que 64,8 por cento dos empresários do setor recebe abaixo do piso mínimo de frete, 22,8 por cento “igual ou bem parecido” e 12,4 por cento acima.
A pesquisa mostrou ainda o menor percentual desde 2016 de empresários que afirmaram estar em situação pior do que antes, uma taxa de 36 por cento. Há três anos, 71 por cento dos entrevistados afirmara estar em condição pior do que a anterior, em meio a uma menor defasagem do frete.
Para o assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia, isso ocorre em meio a uma melhora da economia, mas também há o componente da tabela do frete.
“A economia aqueceu no segundo semestre, por conta disso os fretes acabaram melhorando, a gente não consegue precisar quanto o piso mínimo ajudou, mas deve ter uma parcela nisso. Mas, predominantemente, é por causa da melhora da economia, que fez a defasagem diminuir”, comentou.
A redução da defasagem geral foi pressionada pelos preços de transporte da chamada carga lotação, cujo frete registrou déficit entre custos e receitas de 15,5 por cento, ante 19,3 por cento na pesquisa de agosto. A defasagem para cargas fracionadas ficou estável, em 9,6 por cento.
Cargas lotação são aquelas em que o transportador carrega em um só local, descarregando também todo o volume em outro local. Nas fracionadas, o transportador atende vários clientes em diversos locais.
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