Atualmente, circulam em média, por dia, 30 mil veículos pela via no sentido Litoral. O número teve crescimento de 23,3% desde 2004. Pela pista, não é permitido o tráfego de caminhões e ônibus. Por isso, é a preferida pelos carros que descem à Baixada Santista. O investimento em outras modalidades de transporte de carga aliviaria a pista Sul da Anchieta, que se transformaria em boa alternativa aos condutores.
Em dez anos, o aumento no número de veículos em todo o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), que também inclui as rodovias Cônego Domênico Rangoni e Padre Manoel da Nóbrega, foi de 32,9%. No mesmo período, a evolução foi de 29% se considerados apenas os carros de passeio e de 55% entre os comerciais pesados.
Para o professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e especialista em Transportes Creso de Franco Peixoto, o esgotamento deve ocorrer em cerca de cinco anos, caso seja mantido o índice de crescimento da frota. “O Trecho Oeste do Rodoanel já está saturado e o Sistema Anhanguera-Bandeirantes está chegando lá.“ Na opinião dele, o Ferroanel tiraria veículos da serra.
Na avaliação da professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) e especialista em Mobilidade Urbana Silvana Zioni, o risco de sobrecarga é reflexo da falta de alternativas ao transporte no Brasil. “O sistema rodoviário sempre teve prioridade. Esse tipo de coisa faz a gente refletir em como a diversidade de modais nos ajudaria.“
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) garantiu que o Trecho Sul do Ferroanel, que passará por Rio Grande da Serra, terá as obras iniciadas no próximo mês. A promessa é de que o empreendimento fique pronto em 2015.
Pista diminuiu tempo de viagem em 50%
A construção da Nova Imigrantes foi responsável pela diminuição em quase 50% do tempo de viagem para o Litoral. Antes da inauguração, a viagem era feita em pouco mais de 1h10 em condições normais de tráfego. Atualmente, o trajeto é feito em cerca de 40 minutos.
O diretor-superintendente da Ecovias, José Carlos Cassaniga, informou que a concessionária fará obras no SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) para resolver gargalos na rodovia. Uma delas será a remodelação do trevo do km 55 da Anchieta, que provoca lentidão em todo o sistema. Outra intervenção será a ampliação da Cônego Domênico Rangoni (conhecida como Piaçaguera-Guarujá). Será criada terceira faixa em ambos os sentidos, do km 262 ao km 269.
Segundo Cassaniga, as duas obras darão mais fluidez às duas pistas da Imigrantes. “Algumas conexões causam problemas e geram impressão de que a origem do congestionamento é dentro da rodovia“, explica.
A Nova Imigrantes foi construída em quatro anos e seis meses, com investimento de R$ 870 milhões. A pista tem três túneis, que somam cerca de oito quilômetros de extensão. A tecnologia usada na construção reduziu em 40 vezes a área desmatada na Serra do Mar.
Ecovias estuda dividir fluxo entre carros e caminhões
A concessionária Ecovias estuda dividir o tráfego entre veículos leves e pesados nas rodovias Anchieta e Imigrantes. A proposta ainda tem caráter preliminar e faz parte de conjunto de medidas analisadas pela empresa para reduzir os congestionamentos nas estradas que ligam São Paulo e o Grande ABC à Baixada Santista.
Caso a mudança seja aprovada, automóveis e motocicletas seriam proibidos de trafegar pela Via Anchieta. Atualmente, caminhões podem utilizar a Imigrantes apenas para a subida. Com a alteração, a viagem em direção ao Planalto só poderia ser feita pela Anchieta.
“Periodicamente, fazemos estudos para detectar situações que geram problemas e criar soluções. Essa é uma das que analisamos, mas não há nada decidido“, explica o diretor-superintendente da Ecovias, José Carlos Cassaniga. Ainda não há prazo para que o projeto seja finalizado.
A sugestão da concessionária não foi bem recebida por empresários do setor de Logística. “Essa medida provocaria concentração de caminhões na subida pela Anchieta, atrasando ainda mais a viagem“, avalia o presidente do Setrans (Sindicato das Empresas de Carga do ABC), Sallum Kalil Neto.
Outro problema apontado por Kalil Neto seria o aumento nos congestionamentos no Corredor ABD. “Para quem mora em Santo André e alguns bairros de São Bernardo, por exemplo, a Anchieta é a opção mais viável. Com essa proibição, todos teriam de atravessar a região para chegar à Imigrantes“, critica.
Em novembro, começou a funcionar o radar instalado no km 52+600 da pista da Imigrantes sentido Capital. O equipamento autua caminhões que circulam pela faixa da esquerda. Aparelho semelhante foi instalado em março no km 48 da mesma estrada. Até novembro, o radar flagrou 2.223 veículos pesados trafegando de forma irregular.
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