Encerrada na sexta-feira à noite (29), com a premiação dos vencedores do 31º Prêmio Setcergs de Jornalismo, a 20ª edição da Feira e Congresso Transposul deve gerar negócios acima dos inicialmente estimados pela organização, de R$ 150 milhões.
Na comparação com a edição passada, o incremento é 15%, em sintonia com a forte reação das vendas no segmento de caminhões e ônibus. Mesmo com o cenário econômico incerto, a indústria investiu pesado em inovação e tecnologia nos caminhões e nos produtos que fazem parte da cadeia do transporte.
"Se havia dúvidas, elas acabaram com o movimento que tivemos de público e satisfação dos expositores. A evolução tecnológica foi visível em todos os expositores. Há um esforço geral em apresentar inovações que ajudam a otimizar processos, dar mais conforto e segurança para os caminhoneiros, e melhorar a rentabilidade das empresas", definiu o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Rio Grande do Sul (Setcergs), Afrânio Kieling. A programação foi realizada de 27 a 29 de julho, no pavilhão E do Fundaparque, em Bento Gonçalves.
Como forma de contribuir para a redução dos acidentes nas estradas, as fabricantes de caminhões estão investindo em tecnologias que ajudam a evitar as tragédias. Um dos exemplos é o caminhão Actros, da Mercedes-Benz, que vem equipado com sistema de orientação de faixa de rolagem e controle de proximidade, que auxiliam a prevenir acidentes e ampliam a segurança de motorista, carga, veículo, tráfego e demais usuários da estrada.
A Volvo apresentou na feira uma série especial da linha de pesados FH, que vem com piloto automático inteligente, que faz o controle de proximidade com o veículo da frente, além de ter sensores laterais. Freios a disco e controle de estabilidade também fazem parte do pacote. "Esse caminhão, por exemplo, chega a frear sozinho sempre que ele identifica que há um veículo muito perto, mesmo sem o motorista pisar no freio", explicou Omar Simonetto, gerente de Grandes Frotas da marca.
A SIGhRA expôs o Rotograma Falado, que objetiva melhorar a segurança do motorista durante a viagem, programando áreas com maior risco de acidentes, locais de serra e pedágio. "Com áudio, é feito alerta do risco que está se aproximando, fazendo com que ele não precise tirar as mãos do volante para apertar algo no teclado", relatou Franklin Selleri, coordenador de pós-venda.
Para o diretor comercial da Hoff, Loivo Hoff, a feira surpreendeu positivamente, permitindo à empresa mostrar o que há de mais moderno na linha de pneus. "Cada vez mais, se tem a preocupação com o consumo de combustível e, nesse sentido, as fabricantes estão oferecendo alternativas", enfatizou.
Jederson Luiz da Silva, gerente comercial da Atual Pneus, destacou os investimentos no desenvolvimento de produtos específicos para cada aplicação de transporte. "Antes, se tinha apenas um pneu que rodava no truck ou na carreta; hoje, não. Temos modelos para as aplicações de transporte regional e urbano, mineração, canavieiro e construção, bandas de recapagem e também especiais para vans", salientou.
Crise política inviabiliza recuperação econômica
O processo eleitoral de outubro também fez parte das discussões do congresso Transposul. O historiador e mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo, Marco Antonio Villa, fez uma análise histórica para permitir a melhor compreensão do atual cenário político e econômico do Brasil. Segundo ele, no passado, o país superou momentos de adversidade, porque houve a possibilidade de se encontrar mudanças.
"O que se coloca agora, em 2018, é a dificuldade de se achar nessa estrutura uma possibilidade de saída. O sistema é tão petrificado que não há como achar uma fissura. O país tem condições econômicas, mas não consegue sair da crise política", argumentou.
Definiu o período 2014, 2015 e 2016 como o pior triênio econômico da história republicada. "Houve incapacidade absoluta de se administrar o país. A questão toda é que quando houve o processo de impeachment se esperava que houvesse a construção de um governo com uma coesão e isso não ocorreu. Enquanto não se resolver a crise política, não há a mínima possibilidade de se enfrentar os demais problemas econômicos do país", apontou.
A economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, destacou que o cenário atual mostra que teremos eleição com candidaturas múltiplas, sem favoritos e um quadro com muitas indefinições. Lembrou que as pesquisas mostram percentual pouco superior a 30% divididos nos três primeiros nomes. Outra característica reforçada pela palestrante é a baixa preferência dos eleitores por partidos políticos.
Segundo ela, as eleições desse ano serão pobres em razão da limitação de gastos de campanha impostos pela legislação. "A pergunta que fica é: será que os partidos ainda sabem fazer campanha com pouco dinheiro e com dinheiro limpo?", indagou. Com período eleitoral mais curto, as redes sociais e as mídias digitais terão grande impacto na campanha, tornando, segundo a economista, fundamental o debate das fake news. "Derreter uma candidatura é mais fácil do que construir", alertou.
Mortes em acidentes com caminhões recuam 20%
As ultrapassagens indevidas e o excesso de velocidade são as principais causas de acidentes envolvendo caminhões no Rio Grande do Sul, apontou João Antônio Jardim Silveira, coordenador de projetos e ensino presencial do Detran-RS, durante palestra no congresso da Transposul. A maioria dos casos se dá em razão de colisão frontal.
No entanto, segundo Silveira, nos últimos anos, há uma importante redução nos acidentes e nas fatalidades. O registro de 509 vítimas fatais em 2014 caiu para 450 em 2015. Baixou para 438 em 2016 e para 395 no ano passado.
Entre os fatores mais comuns para os acidentes, o coordenador citou as grandes distâncias percorridas em uma viagem, o excesso de carga, a imprudência dos motoristas, a má conservação das rodovias e a distração ao volante. "O poder público não consegue fazer tudo sozinho. É preciso uma consciência coletiva, e isso é o que vai reverter o quadro expressivo de mortes", alertou.
A estatística mostra que 81% dos acidentes ocorrem em rodovias e 19%, em vias municipais. Esse fenômeno faz com que o alerta seja aceso também para ações que envolvam o trânsito nas cidades, e não apenas nas estradas. Entre as rodovias federais, a campeã de acidentes é a BR-386 e, nas estaduais, o pior cenário é na RS-122. Entre os municípios, Porto Alegre é a pior cidade em acidentalidade com caminhões seguida de Pelotas e Caxias do Sul.
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