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Transporte de cargas especiais adota logística desafiadora – SETCESP
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03 de Agosto de 2018 – 15h00 horas / AECWeb

A estrutura logística para o transporte especial é complexa e desafiadora. Especialistas ensinam que cada carga é um projeto e exige planejamento detalhado, principalmente porque depois que um caminhão esteja carregado, não se pode mais voltar. Ou seja, a carga tem que chegar ao destino. Para isso, é imprescindível viabilizar itinerários possíveis para transporte, principalmente quando a carga exige um rigoroso e detalhado estudo de rota em função das suas características.

 

“A operação inicia com o estudo de viabilidade geométrica e estrutural, conforme o peso da carga envolvida, em que é definida a rota a ser utilizada. Isso assegura que a operação seja realizada com um levantamento dos custos envolvidos”, explica João Miguel Redondo, gerente comercial da Transportadora Cruz de Malta. “A partir desse levantamento começa a busca pela obtenção de AET (Autorização Especial de Transporte) junto aos órgãos competentes e posterior programação com as concessionárias envolvidas”, diz.

 

A infraestrutura rodoviária deficiente está entre os principais fatores nessa logística desafiadora. “Nossas estradas melhoraram bastante, mas pouca atenção é dada às obras de arte, então elas ainda mantêm os mesmos padrões de medidas adotados há 40 anos. Como as cargas estão cada vez mais semiacabadas, tomam dimensões de pesos e medidas incompatíveis com as estruturas, dificultando muito o nosso trabalho”, revela Mario Lincoln, diretor comercial da Transpes.

 

RESTRIÇÕES DE HORÁRIO E DE CIRCULAÇÃO E ESCOLTAS
O planejamento das transportadoras inclui atenção especial com as restrições de horário e de circulação nos centros metropolitanos. “Trabalhamos muito bem esse quesito e mantemos bom relacionamento com órgãos reguladores, pois a quatro mãos é sempre mais fácil trabalhar”, explica Mário Lincoln.

 

“Temos uma grande equipe em campo para vistoriar todas as rotas antes de iniciarmos a viagem. Posteriormente é elaborado um rotograma de todo o trajeto, contemplando todos os pontos de alerta e que requerem cuidados especiais, como acompanhamento de companhia de energia, telefonia, fibra ótica, entre outros. As grandes cargas sempre possuem uma equipe de acompanhamento durante a viagem, assim nosso motorista nunca está sozinho”, explica o diretor comercial da Transpes.

 

João Miguel, da Transportadora Cruz de Malta, acrescenta que a utilização das escoltas, credenciadas ou oficiais, deve ser regulamentada pelos órgãos responsáveis em função das características da carga envolvida. “Existem, tanto em âmbito nacional como estadual, tabelas que indicam a necessidade das escoltas em função do comprimento, largura, altura e peso das cargas”, explica.

 

Mário Lincoln conta que a Transpes adota estratégia diferenciada quanto ao acompanhamento das cargas mais largas, pois são as que oferecem maior risco no trânsito, já que a certa distância, quem trafega em sentido contrário não tem noção exata do espaço que a carga ocupa na pista. “Sempre trabalhamos com uma escolta adicional, além do solicitado pela legislação, para as cargas com mais de 7 metros de largura, sinalizando na frente do trânsito da mesma”, diz.

 

RODOVIAS EM MAU ESTADO DIFICULTAM OPERAÇÕES
A má conservação das rodovias compromete a eficiência logística e antecipa a depreciação dos veículos. “Temos uma malha em boas condições nas regiões Sudeste e Sul, mas no Norte e Nordeste, as estradas ainda deixam muito a desejar, dificultando o trânsito, aumentando a depreciação dos equipamentos e consequentemente adicionam mais custos na logística”, informa Lincoln.

 

João Miguel da Cruz de Malta conta que há projetos de cargas superdimensionadas que exigem também outras modalidades de transportes, em razão das condições da malha rodoviária.

 

“Recentemente, para realizarmos o transporte dos rotores das turbinas de uma usina hidrelétrica em implantação no norte do Mato Grosso, precisamos utilizar as modalidades rodoviária, marítima e fluvial, transportando a carga do interior do estado de São Paulo até o Porto de Santos. Lá as turbinas foram embarcadas num navio especial com guindastes de bordo e transportadas até o Uruguai. De uma localidade chamada Nueva Palmira, os rotores foram transportados do navio diretamente para balsas fluviais, subindo o Rio Paraguai até a cidade de Cáceres, onde foram transferidos para carretas e seguiram até o destino final pela modalidade rodoviária. Foi uma operação de guerra”, conta.

 

O segmento eólico tem algumas peculiaridades, principalmente porque componentes das usinas eólicas exigem equipamentos transportadores específicos e com características próprias, sendo que alguns deles eram inexistentes no país até um passado recente, requerendo adequações e investimentos significativos. João Miguel da Cruz explica que, além das adaptações dos conjuntos transportadores, a execução dos transportes, principalmente das pás, resultou em alterações na legislação, tornando-as específicas para o segmento.


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