Em dezembro, setor de serviços apresentou crescimento de 3,1% ante novembro e expansão de 6% ante dezembro de 2021
O fim de restrições sociais após período mais agudo da pandemia explica o patamar recorde da economia de serviços, atingido em dezembro, verificado na edição da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10).
A informação é do analista do levantamento e pesquisador do instituto, Luiz Almeida. No ano passado, a economia de serviços mostrou alta de 8,3%. Em dezembro, teve aumento de 3,1% ante novembro, com expansão de 6% ante dezembro de 2021.
O técnico, em informe sobre a pesquisa, detalhou que houve intensificação na retomada de serviços presenciais após os períodos de isolamento e distanciamento social de 2020 e 2021 — o que ajuda a explicar a expansão em 2022.
Isso ocorreu principalmente no ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,3% de alta em 2022), a principal influência positiva para o resultado do ano, afirmou ele.
“O setor de transportes cresce desde 2020, mas com dinâmica diferente: inicialmente, por causa da área de logística, com alta nos serviços de entrega, em substituição às compras presenciais. Já em 2022, há a manutenção da influência do transporte de carga, puxado pela produção agrícola, mas também pela reabertura e a retomada das atividades turísticas, impactando o índice no transporte de passageiro”, explicou pesquisador, em nota.
Além disso, o IBGE detalhou que o grupo de serviços profissionais, administrativos e complementares foi o segundo setor com maior impacto no resultado, registrando expansão de 7,7% em 2022.
Nesse caso, destaque para ramos como empresas de locação de automóveis, serviços de engenharia, soluções de pagamentos eletrônicos e organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções, informou o instituto.
Já a alta em serviços prestados às famílias foi a terceira principal influência positiva para desempenho anual do setor, com aumento 24%, puxada por segmentos como restaurantes, hotéis, buffet, catering e condicionamento físico.
“Em linhas gerais, setores também ligados a atividades presenciais”, reforça Almeida. Também houve alta expressiva em setor de informação e comunicação, com crescimento de 3,3%.
O único segmento a apresentar retração no ano de 2022 foi o setor de outros serviços (-2,1%), sob a influência de serviços financeiros auxiliares como corretoras de títulos e valores mobiliários, administração de bolsas e mercados de balcão organizado, e administração de fundos por contrato ou comissão, informou o IBGE.
Nesse caso, o movimento também tem a ver com a retomada de serviços presenciais, mas de maneira inversa, detalhou o instituto.
“Durante os períodos de isolamento mais severos, as famílias de maior renda, que participam mais desse segmento, realocaram o gasto para esse setor. Com a retomada pós-isolamento, a leitura é que a distribuição investimentos mudou, com uma realocação dos gastos familiares”, explicou Almeida, no comunicado.
Heterogeneidade
A grande heterogeneidade da economia de serviços brasileira explica a performance positiva da atividade ao término de 2022, na comparação com outras atividades como comércio e indústria, segundo Almeida.
O levantamento mostrou patamar recorde da economia de serviços, na pesquisa – iniciada em 2011 -, puxada principalmente por setor de transportes.
O pesquisador lembra que, diferente do que ocorre no comércio e na indústria, serviços englobam áreas diferentes como prestados às famílias, bares, hotéis e restaurantes, e transporte de passageiros.
Assim, na prática, os resultados ruins em uma área podem ser compensados pelos resultados positivos de outras. Ele lembra que serviços de transportes mostraram patamar recorde em dezembro e foram o principal fator a puxar para cima a atividade como um todo no ano.
Esse segmento, especificamente, foi favorecido por um ritmo maior de viagens do períodos de festas e histórico de maior frequência de férias, que também impulsiona viagens.
“Há uma diversificação de atividades econômicas, dentro do índice”, notou ele. “E [em 2022] houve recuperação mais rápida de atividade presencial”, lembrou ele. Nos picos da pandemia, em 2020 e em alguns períodos em 2021, restrições sociais e limitação de funcionamentos de horário causaram um forte golpe em serviços presenciais, como bares, restaurantes e hotéis.
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