Como acho incrível a capacidade do nosso setor (o de transporte rodoviário de cargas) em ser “único”. Parece um pouco de “bairrismo” falar assim, mas não se engane, ser “único” ainda não é sinônimo de coisas boas e positivas somente. Fora o exagero das “aspas” logo no início do texto, acredito consistentemente na questão do equilíbrio, ou seja, nem muito e nem pouco, como se diz no velho e bom português. E é justamente daí que começa a problemática que eu queria, ou melhor, deveríamos chegar: precisamos sim ser únicos, com equilíbrio e com a nossa essência. Mas ao final das contas, qual é a nossa essência?
Vendo de fora, olhando para o passado e escutando os mais experientes percebo que não é muito complicado definir a essência deles. A maioria batalhou muito, praticamente deu a vida pela sua empresa, que era ou é parte da família – até mais que um ente querido, sofreu muito também, passou e venceu desafios, e recorda com bastante orgulho e saudosismo do passado. Talvez algumas, ou melhor, muitas empresas tenham ficado pelo caminho, mas suas histórias sempre têm capítulos honrosos de vitória e feitos realizados. Seja grande ou pequena toda empresa tem ou teve sua história, isso é fato. Bom ou ruim, não sei ao certo, porém consigo perceber que essa essência de batalhador e vencedor permanece com afinco nos nossos negócios e famílias ainda hoje.
Tratando um pouco mais do passado há também um certo desgosto que ronda constantemente nosso setor, e isso não é de agora. Vejamos as dificuldades latente que temos de nos “abraçarmos” e nos unirmos em prol do que é positivo para os nossos negócios, repito para ficar mais claro, positivo para os nossos negócios. E sempre me questionei de onde vem essa dissipação tão fortalecida que nos impede de pensarmos juntos ações contundentes para crescermos em conjunto. Então, sem menos esperar, consegui criar um pequeno entendimento da possível causa para essa falta de união no setor. Nenhuma relação existe se não houver CONFIANÇA, e não se engane, onde há excesso de vaidade não existe espaço para geração de confiança. É necessário nos esvaziarmos de nós mesmos (perdão pela redundância) para que sejamos capazes de pensar em COMUNIDADE. Não é um discurso de conversão a nenhuma religião, é uma realidade explícita nos nossos diversos grupos, associações, sindicatos, federações, comissões e por aí vamos. Buscar a confiança das pessoas e empresas, com humildade, visando o bem comum é um dos passos que falta para completar a nossa essência e assim de fato nos tornarmos “únicos”.
Recentemente senti que há uma grande transformação emergindo para este ponto. A COMJOVEM sem dúvida é a porteira aberta para este caminho que não têm mais volta: a mudança da essência do transporte rodoviário de cargas e logística. Lutar contra isso é lutar contra o futuro, é não entender que este amanhã (que sempre chega, né?) precisa ser jogado com outras regras. Regras essas que ainda não estão bem claras, até porque no contexto que vivemos admitir a ignorância e buscar conhecimento talvez seja a grande saída. Acredito que o recado está muito bem dado, por mais que exista uma tendência de se usar os modelos atuais em detrimento do novo, nossa essência vai mudar, e o bom disso tudo é que mudará para melhor. Temos as ferramentas, o campo e estamos buscando o conhecimento, o que falta então? “Colocar a mão na massa” e acreditar que juntos faremos nossa essência transbordar por todos os cantos deste nosso Brasil.
* Luis Felipe Machado é vice-coordenador da COMJOVEM SP e diretor da Formato Transportes
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