Focando no protagonismo das mulheres no setor de transporte, o evento abordou temas como empoderamento e sensibilidade
Ontem (30), foi um dia que ficou marcado na história do Vez & Voz. O movimento teve o seu primeiro encontro presencial, realizado na sede da entidade, e reuniu aproximadamente 150 pessoas.
A programação do evento, envolveu conhecer relatos reais de mulheres que trabalham no transporte rodoviário de cargas e acompanhar uma palestra da psicóloga e neurocientista, Fernanda Leite. A palestra foi empolgante e as histórias inspiradoras.
“O que vemos aqui hoje é a materialização de um sonho”, falou Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP ao abrir o encontro.
Ela contou que foi em outubro de 2020 que surgiu a iniciativa, a partir de uma necessidade latente entre as mulheres do setor de terem vez e voz em seu ambiente profissional, com mais oportunidades, desenvolvimento e reconhecimento.
Tal necessidade também foi confirmada, após uma pesquisa realizada pelo IPTC (Instituto Paulista de Transporte de Carga) sobre quem são e o que esperam as profissionais do TRC.
Neste mapeamento foi revelado que 91%, das mais de 500 profissionais pesquisadas, desejam alcançar uma posição maior do que a atual. E, 35% delas, acham que a sua remuneração não é igual a de um profissional homem, que exerce a mesma função.
“O cenário denota a importância de difundir a presença da mulher no setor como protagonistas de suas carreiras. Estamos longe da equiparação, mas precisamos mostrar que podemos desempenhar diversos papéis com excelência”, reforçou Jarrouge ao chamar ao palco apoiadoras do movimento, que atuam em transportadoras e que são protagonistas de histórias de sucesso.
Entre elas, Deborah Cardoso, gerente nacional da Pizzattolog, uma das primeiras parceiras do Vez & Voz. “Começamos quando ainda era um projeto, mas agora ganhou corpo e já somos um movimento. A união faz com que a gente consiga o que deseja”.
Assim como Cardoso, Joyce Bessa, head de gestão estratégica, finanças & pessoas da TransJordano, concorda com o poder da unidade: “o foco é que esses movimentos tanto os de dentro das empresas, quanto esse que envolve todo o TRC, se somem para alcançarmos resultados extraordinários”.
Enquanto isso, Geisa Trevisan, gerente de projetos e comunicação da IC Transportes, destacou as características complementares de homens e mulheres, e apresentou o ‘Rota Feminina’, projeto de formação de mulheres para o setor de transporte, desenvolvido pela empresa.
Na sequência, a palestrante Fernanda Leite foi convidada para falar sobre três aspectos: liderança, empoderamento e sensibilidade.
Leite apresentou uma linha do tempo com todas as conquistas importantes realizadas por mulheres. “Muitas lágrimas foram derramadas para que eu e vocês estivéssemos aqui, a nossa atual realidade já foi considerada utopia para muitas mulheres. Somos respostas de muitas orações”.
Sobre empoderamento, a especialista indicou que não tem nada a ver com ser uma mulher maravilha, ou ser autossuficiente. “O empoderamento na verdade é uma questão de pertencimento”, esclareceu.
A segunda parte do evento, foi em forma de bate-papo com algumas profissionais do transporte que falaram da sua relação com o trabalho e a superação dos desafios.
A primeira convidada foi Janaina Araújo, diretora-presidente do grupo Tora, que contou que nunca se sentiu intimidada no trabalho, mas destacou que às vezes, as mulheres sentem a necessidade de provar mais sua capacidade do que os homens.
Em seguida, as irmãs Maria Claudia Rocco, Luciana Rocco e Daniela Rocco, proprietárias da Expresso 9002 – revelaram como fundaram a empresa, especializada no transporte de tintas, e que a vocação para abrir o seu próprio negócio, foi herdada do pai e do avô.
A gerente de logística da Majuck Transportes, Patrícia Fernandes, que trabalhou muitos anos na indústria com a contratação de frete, mas que hoje presta o serviço de transporte, trouxe uma visão de quem esteve como contratante, mas agora está na posição de contratada.
Com o seu relato, Sarita Magnan, gerente de Recursos Humanos da Braspress, detalhou sobre como funciona o recrutamento de motoristas mulheres dentro da empresa, e sobre o programa de incentivo que a organização desenvolve, que é o ‘Rainhas do volante’.
Como prova do sucesso desse programa, Solange Voss Emmendorfer, motorista de bitrem da Braspress, também esteve no palco narrando a sua rotina de trabalho nas estradas. “Hoje não me vejo fazendo outra coisa. Ser motorista, é uma profissão que realizo com amor e paixão”, compartilhou.
“Precisamos trabalhar pela igualdade. Sempre acredito na força da mulher, na garra e na sensibilidade. Elas têm um dom de trazer o equilíbrio”, encerrou o presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP, Adriano Depentor.
São parceiros do movimento Vez & Voz: A Voz Delas (Mercedes-Benz), a Anfir, a Braspress, a Fabet, a Fetcemg, a Fetcesp, a Fetrancesc, a IC Transportes, a JEM Transferência de Cargas, a NTC&Logística, a Pizzattolog, o Sindipesa e a Transjordano.
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