A Petrobras considera que as altas recentes do petróleo no mercado internacional são “movimentos especulativos” e insuficientes para que os preços dos combustíveis no Brasil sejam reajustados, apurou o Valor.
A pressão pelo reajuste cobrado pela empresa ganhou força nos últimos dias, principalmente depois de quarta-feira. Na ocasião, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou a redução de 2 milhões de barris por dia na produção, o que empurrou os preços para cima. Como exemplo, na quarta-feira a gasolina vendida nas refinarias da estatal estava, em média, 8% abaixo do preço de paridade internacional (política de preços promovida pela Petrobras, influenciada pelos preços no mercado internacional e pelo câmbio). O cálculo é da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
De acordo com uma fonte da estatal, as variações recentes no mercado internacional são “obviamente só marola” e não justificam elevações de preços no Brasil.
“Se o preço do [petróleo] Brent subir, o que aliás significa pouca coisa, tem notícia para um lado. Se cair, tem notícia para o outro. Se ficar igual, dá notícia. Se as pessoas entendessem a formação do preço, as bandas, os índices e a postura da empresa, não estariam perdendo tempo”, diz.
Os preços dos combustíveis têm sido objeto de grande preocupação do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos meses, por causa das eleições presidenciais. A partir de meados deste ano, por exemplo, o governo federal cortou impostos sobre combustíveis, de forma a diminuir os preços em um cenário de inflação elevada.
De acordo com a fonte, a Petrobras não descarta “nem uma alta e nem uma baixa” de seus preços nas próximas semanas. Mas “descarta que movimentos especulativos formem preço”.
A fonte ainda nega a existência de articulações para a troca de diretores da companhia. “É especulação”, afirma.
Como mostrou o Valor em setembro, em dois meses a Petrobras fez 11 cortes em preços, incluindo gasolina, diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP), gasolina e querosene de aviação e asfalto. No período, a gasolina caiu 19,22% e o diesel recuou 12,84%.
Já de janeiro a junho, quando precisava aumentar os preços, a companhia fez reajustes somente em quatro ocasiões e em três delas reajustou gasolina e diesel na mesma data.
voltar