“A perspectiva de colheita de 219,14 milhões de toneladas de grãos na temporada 2016-2017 vai alavancar o PIB brasileiro”. A frase dita pelo o economista Octavio de Barros, diretor executivo do Instituto República, durante o “Encontro SETCESP: Conjuntura Econômica 2017”, evento realizado na sede do SETCESP, está indo por água abaixo.
O motivo é um velho conhecido do empresário do setor de transporte rodoviário de cargas: a péssima infraestrutura que assola o país e que vem causando prejuízos na ordem de R$ 350 milhões para os produtores de soja brasileiros.
Dessa vez, o gargalo logístico ocorre nos 100 km não asfaltados da BR-163, principal eixo de acesso dos caminhões que saem do estado do Mato Grosso e vão em direção aos portos do Norte do país. A razão são as fortes chuvas que caíram no local e inviabilizaram a entrega da commodity. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, estima-se que os produtores tiveram prejuízo de US$ 6 milhões só com a “demourage”, a taxa paga pela permanência das embarcações.
Em conta dessa situação, faz-se urgente uma reforma estrutural rodoviária no Brasil, não somente para evitar o gargalo logístico, mas também para desatolar a economia do país, por meio de novas contratações no mercado formal e o reaquecimento de atividades ligadas à cadeia da construção civil.
Num país dependente de rodovias para a maior parte do transporte de produtos, é inadmissível que o setor conviva com esse tipo de gargalo. Se toda a economia brasileira é prejudicada pela deficiência dos transportes e, de modo geral, da infraestrutura, cabe ao poder público oferecer condições dignas de estradas para o país.
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