Quando se trata de debater soluções para o trânsito das grandes cidades, especialistas em gestão urbana tendem a estar de acordo quanto a dois pontos. Primeiro: deve ser dada prioridade as pessoas e depois ao transporte público coletivo e ao transporte de cargas. Segundo: apenas essas medidas não bastam.
Durante a 30ª edição do Fórum Paulista do Transporte, evento organizado pelo SETCESP, que nesse ano teve como tema a mobilidade e o abastecimento urbano, foi consensual a opinião de que, além de priorizar o transporte coletivo e de cargas, é preciso haver uma gestão eficiente da ocupação territorial. Trata-se de organizar a cidade de forma mais compacta, reduzindo a distância entre casa, comércio e trabalho, sem descuidar de ciclovias e calçadas amplas.
Para isso, é preciso elaborar políticas públicas que incentivem o uso do solo no entorno dos contornos rodoviários e ferroviários para fins logísticos; retirar de circulação a frota irregular de veículos e estimular a operação nos grandes polos geradores de carga no período noturno.
Ainda sim essas medidas seriam insuficientes. Um sistema de abastecimento de cargas aliado da mobilidade urbana impõe também diretrizes capazes de convencer as esferas estaduais e federais sobre a importância da questão da entrega de carga urbana. Sob esse ponto de vista, rever as restrições para os caminhões nas marginais, bem como o VUC, e aumentar o número de vagas de estacionamento para veículos utilitários, seriam propostas, defendidas pelo SETCESP, adequadas para aprimorar o espaço viário das grandes cidades.
Melhorar a mobilidade urbana leva tempo. Por isso mesmo, governo e prefeitura precisam, o quanto antes, dar ao tema a atenção que ele merece. Nesse sentido, o Fórum Paulista do Transporte vem oferecendo ao longo dos últimos 30 anos uma excelente oportunidade para se discutir e propor soluções para o desenvolvimento de modelos de mobilidade e de abastecimento sustentáveis para o futuro das cidades.
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