Meio ambiente e o TRC: estratégias sustentáveis
Compartilhe

*Por Raquel Serini

Enquanto cargas e pessoas são transportadas, muito resíduo é gerado, isso é verdade. Mas, um melhor gerenciamento dos detritos é a solução para esse tipo de problema, tanto por parte de órgãos governamentais, que devem oferecer opções para recuperação de peças e descarte correto de veículos, quanto por parte da conscientização dos trabalhadores dos meios em questão, e também, de quem utiliza o serviço.

Dentre as modalidades de transporte terrestre, o rodoviário de carga é o que mais tem participação na emissão de CO2 (dióxido de carbono) no Brasil, se comparado aos outros modais. Esse número gira em torno de 20% do total da emissão do gás no País, segundo Boletim Ambiental do Despoluir –  Programa Ambiental do Transporte.

Em vista disso, também não podemos falar de meio ambiente, logística, abastecimento e operação sem citar o consumo de diesel e seus efeitos, não é mesmo?

Segundo informações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a mistura do biodiesel ao diesel fóssil foi incorporada inicialmente em 2004, em caráter experimental e, entre 2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser voluntária. A obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o biodiesel na matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente obrigatória de 2%, em todo o território nacional. Com o amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente ampliado pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) até o atual percentual de 12%, conforme pode ser observado:

O objetivo governamental, através do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) é introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, além de garantir maior segurança e previsibilidade aos agentes econômicos.

Mas não só as ações públicas geram efeitos positivos, o mundo corporativo também tem colaborado e discutido sobre ações sustentáveis que podem contribuir não só com a gestão econômica, mas com a responsabilidade ambiental dentro das empresas transportadoras.

Com o objetivo de disseminar e aperfeiçoar, ainda mais, essas boas práticas, separamos aqui oito estratégias sustentáveis capazes de melhorarem a relação empresa e meio ambiente. Veja:

  1. GESTÃO AMBIENTAL

A empresa pode incentivar o reaproveitamento de recursos hídricos para lavar veículos nas garagens de transportadoras ou reciclagem de materiais em geral, isso será imprescindível para a excelência ambiental da atividade de transporte.

  1. TREINAMENTO DOS MOTORISTAS

A quantidade de poluentes emitidos por um veículo é influenciada pela maneira de dirigir. Ao conduzir o veículo corretamente, é possível reduzir o desgaste precoce dos pneus, o consumo de combustível em 10% ou mais. Consequentemente, a forma adequada de condução traz ganhos econômicos e ambientais.

  1. REALIZAR MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Essa prática é fundamental para garantir o bom funcionamento do veículo e, assim, tornar o transporte mais seguro, eficiente e limpo.

  1. FAZER A INSPEÇÃO VEICULAR

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, é obrigatório realizar a inspeção dos veículos quanto aos seus níveis de emissão de poluentes no ar. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) determina que isso seja feito anualmente.  Em 12 anos, foram mais de 2,7 milhões de aferições em caminhões e ônibus em todo o Brasil, o que corresponde a mais de 51 mil transportadores rodoviários atendidos.

  1. CONTROLE DE QUALIDADE DO COMBUSTÍVEL

Quando o combustível está contaminado com água, impurezas ou solventes, há perda de eficiência energética, aumentando o consumo, os custos de manutenção e a emissão de poluentes.

  1. UTILIZAR CORRETAMENTE O ARLA 32

O uso inadequado do Arla 32 (Agente Redutor Líquido de Óxido de Nitrogênio Automotivo – reagente composto por 32,5% de ureia de alta pureza em água desmineralizada) contribui para a maior emissão de poluentes e aumenta o risco de multas e apreensão do caminhão. O Arla é fundamental para garantir o bom desempenho dos veículos, para preservar a qualidade do ar, promovendo a melhoria das condições de saúde dos trabalhadores e de toda a sociedade.

  1. UTILIZAR E DESTINAR CORRETAMENTE O ÓLEO LUBRIFICANTE

O uso e a destinação adequada de óleos lubrificantes são temas que merecem a atenção de quem atua no transporte rodoviário. Um dos alertas do Programa Despoluir é que usar óleo de acordo com as orientações fornecidas pelo fabricante aumenta a durabilidade do motor do veículo e reduz o consumo do combustível. O descarte também precisa ser feito corretamente, pois apenas um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água.

  1. RENOVAÇÃO DA FROTA

Os veículos antigos, especialmente os fabricados antes de 2012, consomem mais combustível e poluem mais. Já modelos recentes vêm com tecnologias que garantem eficiência energética. A CNT (Confederação Nacional do Transporte) defende um Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões, conciliado com a logística reversa dos veículos usados, permitindo a reciclagem automotiva.

Portanto, a sustentabilidade é uma questão que confronta todas as empresas hoje em dia, independentemente do seu tamanho ou posição no mercado, ela não só contribui para a imagem da empresa, mas ajudam no crescimento dos negócios.

Cada vez mais, as empresas estão descobrindo que abraçar práticas em prol do meio ambiente leva a uma melhor cultura corporativa, serviços mais confiáveis e maior lucratividade a longo prazo.

Fica a reflexão!

*Raquel Serini é Economista do IPTC.


voltar