O anúncio da já chamada “linha das universidades“ ocorreu pela manhã, em entrevista de Kassab à Rádio Eldorado AM. Pressionado por mudanças no trânsito, após sucessivos recordes de lentidão, o prefeito ainda admitiu que já estuda aumentar em duas horas o rodízio de carros em São Paulo. Segundo ele, as análises, a cargo do secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, foram iniciadas há uma semana e serão feitas “com muito cuidado“. “É em relação à ampliação do rodízio em uma hora pela manhã e uma hora à noite.“
Por enquanto, a Prefeitura não pretende ampliar nem o perímetro do rodízio nem o número de placas por dia. A idéia é estender a restrição até as 11horas pela manhã; e à noite, até as 21 horas. Desde que foi criado em 1998, o rodízio vigora das 7 às 10 e das 17 às 20 horas.
Segundo Alexandre de Moraes, técnicos estão fazendo simulações em todas as regiões da capital para definir se a ampliação do horário do rodízio é viável e se trará resultados concretos na redução dos congestionamentos. “Estamos fazendo uma comparação gráfica dos picos de lentidão“, disse. “Não adianta restringir mais, se não houver um benefício considerável para a coletividade.“
Na prática, o paulistano poderá ver obras nas ruas em seis meses, segundo o governador José Serra (PSDB). Serão iniciados 2,3 quilômetros de um ramal da Linha 2, ligando a Vila Prudente à Rua do Oratório, na Mooca. Anteontem, o governador havia conversado com Kassab sobre a possibilidade de a Prefeitura investir R$ 75 milhões para o projeto executivo da Linha 6, que ligará a Freguesia do Ó à Estação São Joaquim (da Linha 1-Azul) e passará por algumas das principais faculdades de São Paulo. “Eu vejo hoje (ontem), com grata surpresa, que ele (Kassab) está topando. Essa nova linha é o que está faltando, vai completar a malha em São Paulo“, disse Serra.
A Linha 6 tem 9,5 quilômetros e 10 estações confirmadas: Freguesia do Ó, Água Branca, Turiaçu, PUC, Pacaembu, Angélica, Higienópolis-Mackenzie, Bexiga, 13 de Maio e São Joaquim. Outra estação, Santa Marina, não está definida. O novo trecho também cruzará a Linha A da CPTM e a Linha 4-Amarela do Metrô. A estimativa é de que 500 mil passageiros sejam transportados na Linha 6 quando ela for concluída, em 2012.
LENTIDÃO
Com o aumento da frota, que ultrapassou, em fevereiro a marca de 6 milhões de veículos, e a falta de investimentos em transporte público, o rodízio perdeu eficácia nos últimos dez anos. No ano passado, a lentidão no horário do rush ultrapassou os níveis de congestionamento do ano anterior ao rodízio. Em 1996, a média foi de 123 km, contra 128 km em 2007. Com 800 novos carros por dia nas ruas, a redução de 20% na circulação de veículos acabou sendo anulada.
Ontem, pela manhã, a capital paulista registrou 146 quilômetros de lentidão, às 9 horas. À tarde, o pico foi de 120 quilômetros, às 19 horas.
Mas se Kassab mudou o discurso em relação ao rodízio (veja acima), o pedágio urbano continua sendo um tabu. Ele considera a medida “socialmente incorreta“. “Não podemos impor uma restrição sem dar alternativa de transporte público.“
CAMINHÕES
Outro estudo anunciado ontem surgiu de uma reunião feita às 6 horas, entre o prefeito, o secretário de Transportes e técnicos de tráfego. A proposta em análise é a ampliação da área proibida a caminhões em São Paulo, hoje compreendida entre a Marginal do Pinheiros, a Rua Cardeal Arcoverde, a Avenida Angélica, a Rua Silva Pinto, a Rua Mauá, a Rua 25 de Março e as Avenidas Liberdade, 23 de Maio e Juscelino Kubitschek para a todo o centro expandido.
Além disso, a proibição valeria das 6 às 23 horas – hoje, a restrição de carga e descarga é das 10 às 20 horas de segunda a sexta. Não se sabe se mudará o horário de sábado – das 10 às 14 horas.
A alteração é vista com bons olhos pelo presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e região (Setcesp), Francisco Pelúcio. “Há três anos o sindicato defende a entrega de carga noturna. Mas as entregas poderiam começar às 21h30“, sugere.
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