Com o aumento nos gastos com conta de luz, gasolina e gás de cozinha, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, ficou em 0,28% em novembro. O resultado mostra desaceleração em relação a outubro (0,42%) e aceleração na comparação com o mesmo mês de 2016 (0,18%).
Em 12 meses, o índice acumulado é de 2,8%, abaixo do limite mínimo da meta do governo. A meta em 2017 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto, ou seja, pode variar entre 3% e 6%.
Quando o país descumpre a meta anual, com a inflação acima ou abaixo do limite tolerado, o presidente do Banco Central precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que ela não foi cumprida, quais ações serão adotadas e o tempo esperado para que essas medidas surtam efeito.
No acumulado de janeiro a novembro, a inflação é de 2,5%, o menor resultado para o período desde 1998 (1,32%). As informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (8).
Luz, gás e gasolina
A conta de luz, o gás de cozinha e a gasolina foram os maiores responsáveis pela inflação no mês passado. A conta de luz subiu, em média, 4,21%, com a cobrança de uma taxa extra de R$ 5 a cada 100 Kwh consumidos, a chamada bandeira tarifária vigente também era a vermelha patamar 2, porém o adicional era de R$ 3,50 a cada 100 Kwh consumidos. No ano, a alta acumulada da conta de luz é de 13,87%.
Ainda no grupo Habitação, o preço do gás de botijão subiu 1,57%, afetado pelo reajuste de 4,5% nos botijões de 13 quilos nas refinarias pela Petrobras, o que levou a um aumento acumulado de 14,75% no ano.
Nos transportes (+0,52%), a gasolina subiu 2,92%, e o etanol, 4,14%, em média. Desde julho, a Petrobras aplica uma nova política de preços dos combustíveis. Pela metodologia, os reajustes acontecem com maior frequência, inclusive diariamente.
Considerando os reajustes acumulados, a gasolina subiu 7,89% neste ano, até novembro, e o etanol caiu 1,15%.
Alimentos mais baratos
Pelo sétimo mês seguido, os alimentos, que representam cerca de 25% das despesas das famílias, ficaram mais baratos (-0,38%).
Os destaques foram o açúcar refinado (-4,93%), a farinha de mandioca (-4,78%), o tomate (-4,64%), frutas (-2,09%), o pão francês (-0,55%), carnes (-0,11), o feijão carioca (-8,40%) e ovos (-3,28%).
Passagem aérea cai 10%
O bilhete aéreo, por outro lado, recuou 10,03% em novembro, em média. A passagem de ônibus também ficou mais barata (-0,55%), refletindo a redução de R$ 0,20 no Rio de Janeiro.
Crise
A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central é que a inflação termine 2017 em 3,03%, bem abaixo dos 6,29% registrados em 2016, e pouco acima do limite mínimo da meta deste ano. No ano passado a meta também era de 4,5% ao ano, mas a tolerância era de dois pontos para mais ou para menos, ou seja, podendo variar entre 2,5% e 6,5%.
A queda nos preços é resultado de um conjunto de fatores. Com a crise econômica, o desemprego atinge 12,7 milhões de trabalhadores, o que reduz o consumo. Mesmo quem está empregado acaba comprando menos porque a renda caiu ou por medo de perder o emprego. A procura menor por produtos, assim, ajuda a segurar a inflação.
Juros X Inflação
Os juros são usados pelo BC para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
Na última quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária do BC (Banco Central) decidiu cortar a taxa de juros pela décima vez seguida, de 7,5% para 7% ao ano.
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