As empresas brasileiras pagaram R$ 120,8 bilhões em juros em 2017. Esse montante equivale ao valor de mercado que a Petrobras perdeu durante a paralisação dos caminhoneiros e é 13 vezes superior ao subsídio do governo para cobrir o caixa da petroleira em função da redução do preço do Diesel (R$ 9,5 bilhões).
O gasto das empresas com pagamento de juros caiu 3% em relação ao apurado em 2016, seguindo trajetória de queda iniciada um ano antes.
Os dados são do estudo “Juros e Inadimplência no Brasil 2015-2017”, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Com base em informações disponibilizadas pelo Banco Central, a pesquisa procura quantificar o volume de recursos utilizado para pagamento de juros e a evolução dos níveis de inadimplência dos consumidores e das empresas brasileiras.
O estudo revela que o volume de crédito ofertado para pessoa jurídica caiu 4,7% no ano passado, passando de R$ 769,5 bilhões em 2016 para R$ 733,2 bilhões. Essa queda segue a tendência observada nos últimos anos. Desde 2014, o volume contraiu quase 24%.
Nesse cenário de redução de oferta e de demanda de crédito das empresas, o nível de inadimplência apresentou queda expressiva em 2017, chegando a 4,5% – taxa que representa uma redução de 12,5% em relação a 2016, quando atrasos acima de 90 dias (definição técnica de inadimplência) representavam 5,2% do saldo das operações.
No ano passado, a taxa de juro média cobrada das empresas reverteu a trajetória de alta em que vinha desde 2013, com um leve recuo para 27,6%. Com isso, a taxa média mensal ficou em 2,1%, nível ainda bastante elevado para a recuperação dos investimentos no setor produtivo.
Análise
Em 2017, as empresas ainda se mostraram preocupadas com os fortes impactos recessivos dos dois anos anteriores. Dessa forma, priorizaram utilizar os estoques elevados para atender à demanda e reduzir a busca por crédito, o que contribuiu para a queda do nível de inadimplência, de acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP.
De qualquer maneira, apesar do leve recuo das taxas médias de juros no ano passado, o custo ainda elevado do crédito no Brasil inibe a capacidade de investimentos das empresas.
As altas taxas de juros são consequência direta do descontrole das contas públicas. Em função de seguidos déficits fiscais, o País convive com uma dívida pública crescente, que acaba financiada diariamente no mercado financeiro com a venda de títulos públicos. Esse processo mitiga a confiança dos agentes econômicos e resulta em uma elevação do risco de financiar o Estado. Com isso, os empréstimos são feitos a juros maiores. Como consequência, o setor público se torna o principal tomador de crédito, colaborando para a fixação de um piso elevado para as demais taxas de juros disponíveis no mercado.
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