Levantamento revela que 5 em cada 10 mulheres sofrem preconceitos no setor de transporte de carga. Mas iniciativas visam mudar isso
No mês que celebra a mulher, sua luta pela igualdade e pelo respeito, a FreteBras apresentou os resultados da pesquisa Mulheres da Logística. Nesse sentido, o estudo inédito, realizado com 202 mulheres entre caminhoneiras e operadoras de logística, revelou que existe um preconceito frequente no transporte de carga. Metade das caminhoneiras afirma que já sofreu algum tipo de ataque. E nas transportadoras esse número chega a 56,3%.
Dessa forma, a postura machista acaba sendo frequente, segundo as profissionais entrevistadas. Ou seja, sete a cada dez mulheres utilizam de artimanhas para evitar constrangimentos. Logo, 66,7% das entrevistadas afirmam não usarem certos tipos de roupas, sapatos e maquiagem. Ademais, 42% evitam sorrisos e comportamentos simpáticos. E 19% costumam ser grossas ou ríspidas para serem ouvidas.
“Prefiro ter fama de brava do que dar brecha para confusão”, desabafa uma das caminhoneiras entrevistadas.
Mulheres têm suas habilidades questionadas
No dia a dia, dois terços das operadoras logísticas afirmaram que sofrem com os constantes constrangimentos. Um deles está relacionado à sua capacidade de lidar com situações recorrentes da profissão. E mais da metade afirma ter ouvido comentários desrespeitosos durante o expediente.
Proprietária de uma pequena transportadora, que não quis ser identificada, revelou que, apesar de perceber mais mulheres em seu mercado de atuação, ainda há muitos desafios.
Desafios do transporte de carga não desmotivam
Embora ocorram dificuldades, as mulheres também demonstram paixão pelo trabalho que escolheram. Sobre a motivação de atuar no setor de transporte, 30,4% das entrevistadas escolheram a profissão por influência de algum parente. E pela liberdade de viajar pelo País.
Por outro lado, 43,5% das entrevistadas acharam no transporte rodoviário o sustento da família.
Enquanto 50% das mulheres afirmam adorar a profissão, mesmo com os percalços. Outras 75% dizem ter um grande apreço pelo que fazem. Nesse sentido, vale ressaltar que 82% das entrevistadas são autônomas.
Mudanças no TRC
Embora os dados ainda sejam alarmantes há uma evolução se desenhando. Nesse sentido, empresas como a FreteBras realizam uma série de iniciativas a fim de ampliar a diversidade. E incentivar a igualdade de gênero. Razão pela qual a empresa desenvolveu o estudo.
“Metade dos nossos colaboradores são mulheres. Bem como metade dos nossos líderes também. Desenvolvemos o talento feminino dentro de casa. E nos sentimos instigados a realizar este estudo. Assim, entendemos mais a fundo a situação da indústria na qual estamos inseridos. E apesar dos desafios, as mulheres estão motivadas a seguir carreira na área”, diz o diretor de operações da empresa, Bruno Hacad.
Ações que buscam a equidade
O Sindicato das Empresas de Transportes de São Paulo (Setcesp) conta com o movimento Vez e Voz. Liderado pela presidente executiva da entidade, Ana Jarrouge, a ação visa ajudar as empresas do setor ampliarem a equidade dentro das transportadoras.
Dessa forma, o movimento promove palestras, assim como encontros virtuais. A fim de inspirar empresários a serem inclusivos com relação às mulheres em suas empresas. Ademais, além do movimento, muitas transportadoras também inspiram outras empresas.
Exemplos e iniciativas
Como a Braspress. A empresa, desde 1998, começou a investir em motoristas do sexo feminino. No início, a transportadora, sediada em São Paulo, contratava as mulheres apenas na operação de transporte urbano e interurbano. Mas ao perceber que as motoristas têm mais cuidados operacionais com os veículos. Bem como com a manutenção dos caminhões. E sabem se relacionar com os clientes, a Braspress aumentou o quadro de mulheres motoristas. E muitas atuam como carreteiras. Ou seja, hoje, dos cerca de 9 mil colaboradores, cerca de 1.059 motoristas são homens. E 323 são motoristas do sexo feminino.
A iniciativa da Braspress serviu de exemplo para que demais empresas de transporte passassem a contratar mulheres.
Assim, dados da Confederação do Nacional do Transporte (CNT) estimam que dos 2 milhões de motoristas de caminhões do País, 10 mil sejam mulheres.
Mercedes-Benz quer mais mulheres no TRC
Em comemoração ao mês da Mulher, a Mercedes-Benz resolveu ajudar quem quer ser caminhoneira. Nesse sentido, lançou a promoção “Na direção dos seus sonhos”. Assim a fabricante da estrela vai custear cursos de formação de condutores na categoria “C”.
A iniciativa faz parte do movimento “A Voz Delas”. Criado pela Mercedes com o objetivo de ouvir as mulheres. E também a fim de conhecer o dia a dia e os desafios de quem está na estrada. Ou mesmo as mulheres que têm o sonho de se tornarem caminhoneiras.
A mulher pode ser o que quer, então pode ser caminhoneira
Para participar da ação, as interessadas devem gravar um vídeo contando suas histórias de vida. Sua relação com o caminhão. Ou porque sonham ser caminhoneiras. E o que uma habilitação para dirigir esses veículos mudaria nas suas vidas. O vídeo deve ser enviado para o WhatsApp (11) 97615-3374, do “Embaixador da Voz das Estradas”.
As histórias serão analisadas por uma comissão julgadora. Que levará como base critérios de originalidade, criatividade e adequação ao tema. As 30 melhores histórias serão premiadas com voucher individual. Ele contempla as despesas do Centro de Formação de Condutores. Isso inclui o número de aulas práticas exigidas por lei. E um exame prático do Detran, além de um exame médico, psicotécnico e um exame toxicológico. Este, necessário para obtenção da CNH categoria “C”.
Atenção mulheres que querem ser caminhoneiras
As melhores histórias serão selecionadas entre os dias 1º e 24 de maio. E suas autoras serão divulgadas nas redes sociais. Ou seja, Facebook e Instagram da Mercedes-Benz Caminhões. E no site https://avozdelas.com.br/promocao. Onde o regulamento detalhado está disponível.
A promoção vale para todo o País. E ocorre até 30 de abril de 2021. Podem participar mulheres maiores de 18 anos. Mas que tenham habilitação categoria B, com no mínimo um ano. E que não tenham cometido nenhuma infração grave ou gravíssima. Também não podem ser reincidentes em infrações médias, durante o período de 12 meses, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro.
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