A difícil arte de simplificar
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Por que temos mais facilidade em aumentar do que diminuir; em adicionar características a um produto do que subtrair; em complicar do que simplificar?

Vários estudos acadêmicos recentes demonstram que temos grande dificuldade em simplificar.

Um artigo publicado na revista Nature mostra que somos mais propensos a adicionar novas funções ou características sempre que somos solicitados a melhorar alguma coisa. Para a maioria das pessoas, “melhorar” significa “aumentar”, mesmo quando subtrair ou simplificar seja a opção mais lógica.

Vários experimentos feitos pelas pesquisadoras Gabrielle Adams e suas colegas da Universidade de Virgínia nos EUA mostraram que ao solicitar uma alteração em desenhos geométricos para torná-los simétricos, 78% escolheu adicionar mais desenhos em vez de tirar algumas formas, o que daria o mesmo resultado.

Um reitor de uma conhecida universidade americana solicitou aos ex-alunos ideias para melhorar a instituição. Das 581 sugestões recebidas apenas 70 se referiam a deixar de fazer alguma coisa. As demais foram todas para ampliar serviços, cursos etc. Outras pesquisas feitas com estruturas de LEGO com instruções determinadas para uma ação, igualmente mostraram que apenas 41% trabalharam retirando peças em vez de adicionando peças.

Em nossas oficinas de planejamento estratégico temos um exercício que pede aos participantes que analisem a concorrência e digam o que seus concorrentes fazem e que a empresa poderá eliminar, isto é, não fazer. Mais de 70% dos participantes afirmam ser impossível eliminar alguma coisa que a concorrência faz.

Já no exercício contrário, ou seja, o que os concorrentes não fazem e que a empresa poderá fazer, as ideias são abundantes.

Estas pesquisas também apontam que a tendência em adicionar e complicar em vez de simplificar e diminuir está presente em todos os países, em todas as culturas e etnias. Assim, embora seja comum afirmarmos que devemos sempre simplificar, a tendência dos seres humanos parece estar mais para complicar.

Que estas pesquisas nos sirvam de alerta e nos levem a prestar mais atenção em nossa terrível tendência de aumentar e tornar as coisas mais complexas.

Pense nisso. Sucesso!


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