O preço médio do diesel nos postos do Brasil subiu levemente na semana passada, após cinco quedas consecutivas, na primeira alta semanal desde a instituição de um programa de subsídios do governo federal a produtores como a Petrobras e importadores.
O valor médio do diesel nos postos brasileiros atingiu 3,388 reais por litro na semana encerrada em 14 de julho, alta de 0,1 por cento ante a semana anterior, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicados no site da autarquia entre terça-feira e a quarta-feira (18).
O pequeno avanço no preço ocorreu mesmo diante dos esforços do governo, que incluíram redução de tributos, para diminuir os valores e para atender demandas de caminhoneiros, após uma paralisação histórica em rodovias em maio contra a alta dos custos do combustível.
O presidente da Plural, que representa as principais distribuidoras de combustíveis do Brasil, Leonardo Gadotti, acredita que o leve aumento da média nacional do diesel nas bombas foi resultado de uma alta recente dos preços do biodiesel.
O combustível nas bombas contém 90% de diesel fóssil, que está sendo subsidiado pelo governo, e 10% do biodiesel, que não recebeu qualquer benefício do programa de subvenção.
“O que vem acontecendo com o diesel (nas bombas), essa pequena alta… foi porque houve um aumento do biodiesel no último leilão que aconteceu. Isso impactou a mistura”, disse Gadotti à Reuters.
Procurada, a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) não comentou diretamente o leve aumento nas bombas na semana passada. No entanto, criticou o programa de subvenção ao combustível fóssil.
“O preço do diesel na bomba é artificial porque é subsidiado e esta conta está sendo dividida por todos os cidadãos que pagam impostos, inclusive o setor de biodiesel”, afirmou em nota à Reuters.
“Subsidiar diesel fóssil é pagar mal. E quem paga mal paga duas vezes. É isso que acontece hoje: pagamos na bomba e pagamos via subsídio um produto que é poluente”.
A Ubrabio disse ainda que assim que o programa acabar o diesel fóssil voltará ao valor anterior à greve dos caminhoneiros, “derrubando este argumento de que o biodiesel encarece o combustível”.
A ANP informou que não irá comentar o aumento dos preços.
Procurado, o Ministério da Justiça não pôde responder imediatamente.
Subvenção ao diesel fóssil
Conforme o programa de subsídio ao diesel fóssil, produtores e importadores têm que congelar os seus preços de comercialização do diesel em valores estipulados pelo governo federal, para serem ressarcidos em até 30 centavos de real por litro pela União, dependendo de condições de mercado.
Um total de 31 companhias, incluindo a Petrobras, inscreveram-se para participar da segunda fase do programa de subsídios ao diesel, em vigor entre 8 de junho e o fim de julho, informou a ANP anteriormente.
O objetivo do governo é que as empresas reduzam seus preços, sem que sejam prejudicadas financeiramente.
Com a leve alta, os preços do diesel interromperam uma série de cinco quedas que ocorreram após um recorde registrado na semana entre 27 de maio e 2 de junho, de 3,828 reais por litro.
Os preços em níveis recordes em maio levaram a uma paralisação de 11 dias de caminhoneiros, que causou graves desabastecimentos de produtos em diversos pontos e prejuízos à economia brasileira.
A ideia inicial do governo era conseguir uma redução de 46 centavos no preço do diesel nos postos.
Para atingir essa meta, além do programa de subsídios, o governo reduziu tributos federais e contou com uma redução das cobranças de ICMS pelos Estados, o que está demorando a acontecer de forma completa.
A gasolina, por sua vez, registrou média nos postos brasileiros de 4,494 reais por litro na semana passada, leve queda de 0,02 por cento sobre a semana anterior, segundo a ANP.
O etanol hidratado, concorrente direto da gasolina nas bombas, por sua vez, teve queda 0,9 por cento na semana, para 2,808 reais por litro, mostrou a pesquisa da ANP.
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