Copom reduz Selic para a mínima histórica de 2% ao ano
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Foi o quarto corte realizado durante a crise causada pela pandemia. A decisão foi unânime e veio em linha com o que era esperado pela maior parte do mercado

O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, de 2,25% para 2% ao ano. Foi o quarto corte realizado durante a crise causada pela pandemia. A decisão foi unânime e veio em linha com o que era esperado pela maior parte do mercado.

“Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes sugerem uma recuperação parcial. Os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar da recomposição da renda gerada pelos programas de governo. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais”, diz o comitê, no comunicado.

O atual ciclo de cortes, que já registra nove quedas seguidas, teve início em julho do ano passado, quando a Selic estava em 6,5% ao ano. Após a última reunião, em que diminuiu a Selic de 3% para 2,25% ao ano, o Copom afirmou que poderia realizar outro corte “residual”, dependendo das condições.

“Para as próximas reuniões, o Comitê vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual”, disse o colegiado na ocasião.

Pesquisa conduzida pelo Valor na semana passada mostrava que, de 87 instituições financeiras e consultorias, 73 esperavam redução da Selic em 0,25 ponto, para 2% ao ano. Outras 13 calculavam manutenção em 2,25% ao ano, enquanto uma única casa esperava corte de 0,5 ponto.

A Selic vem testando mínimas históricas desde o fim de 2017, quando ficou em 7%. Até então, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, implantado em 1999, havia sido atingido em 2012 e 2013, quando a taxa ficou em 7,25%.

O Copom volta a se reunir nos dias 15 e 16 de setembro.

Novos ajustes

O Copom informou em comunicado que “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.

Segundo o Copom, a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado. O colegiado diz, porém, reconhecer “que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

Segundo o comunicado, “apesar da assimetria em seu balanço dos riscos, o Copom não antevê reduções no grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária, que atualmente inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022”. O documento diz ainda que “essa intenção é condicional à manutenção do atual regime fiscal e à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo”.

Ainda em comunicado, o Copom informou que sua decisão de baixar os juros “reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022”.

O colegiado voltou a afirmar que perseverar no “processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira” é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. “O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, diz o comunicado.

Conjuntura

Os indicadores recentes “sugerem uma recuperação parcial” da atividade econômica brasileira, afirmou o Copom.

“Os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar da recomposição da renda gerada pelos programas de governo”, disse. “Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais.”

No caso de diversas medidas de inflação subjacente, mais sensíveis à atividade e aos juros, a avaliação do colegiado é que elas “permanecem abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária”.

“No cenário externo, a pandemia da covid-19 continua provocando a maior retração econômica global desde a Grande Depressão. Nesse contexto, apesar de alguns sinais promissores de retomada da atividade nas principais economias e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador”, disse o Copom.

O comitê afirma ainda que seu balanço de riscos é assimétrico. Do lado positivo, o colegiado diz que “o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado”. Para o comitê, esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional.

Do lado negativo, o colegiado diz que “políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco”.

O Copom acrescenta que “os diversos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda, implementados no combate à pandemia, podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos.

Para o colegiado, esse conjunto de fatores implica, potencialmente, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.


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