À frente do Grupo Apisul, Paulo Cunha acompanha de perto as transformações regulatórias de seguros no transporte e defende que a especialização e a inovação são essenciais para garantir mais segurança às operações.
Como a legislação 14.599 e as resoluções recentes impactaram o mercado securitário?
A Lei nº 14.599/2023 e as resoluções que a sucederam trouxeram mudanças estruturais no mercado de transporte de cargas. Seguradoras, corretoras e transportadores precisaram revisitar seus processos, redefinir critérios de aceitação de risco, alinhando os seguros às novas responsabilidades legais e às exigências operacionais impostas, o que exige hoje um nível muito maior de integração técnica entre todos os agentes da cadeia. No fim, eu vejo essas mudanças como um avanço. Elas trouxeram mais transparência e, acima de tudo, estimularam uma postura mais alinhada dentro do mercado.
Quais foram os desafios para adaptar as apólices na modalidade de seguro RCV de acordo com as novas regras?
O principal desafio foi harmonizar diferentes marcos regulatórios, a Lei 14.599/2023, as normas da SUSEP e as diretrizes da ANTT, sem perder a aderência às práticas de mercado. As novas resoluções trouxeram pontos de interpretação que exigiram estudo e ajuste fino dos produtos. Na Apisul, nos antecipamos a esse movimento. Com planejamento e diálogo constante com seguradoras e transportadores, desenvolvemos soluções completas, totalmente alinhadas às novas diretrizes. Estamos, inclusive, aprimorando todo o processo de cotação do RCV, desde a proposta comercial até a aceitação pela seguradora e emissão da apólice, com o lançamento do aplicativo Cotador. A plataforma permite simular e calcular o prêmio do RCV em tempo real, otimizando a análise de risco e tornando a cotação mais ágil para o cliente final.
Como as tecnologias como rastreamento em tempo real, telemetria e análise de dados estão transformando a forma de fazer seguro no transporte de cargas?
Os dados são o novo combustível do mercado de seguros. A forma de gerir o risco mudou completamente: o que antes era um modelo reativo, voltado apenas à indenização depois do sinistro, hoje se tornou um modelo preditivo, baseado em prevenção e inteligência artificial para otimização e análise avançada de risco. Com essas novas soluções podemos identificar padrões de direção, antecipar situações de risco e agir antes que o problema aconteça. Essa capacidade de previsão tem transformado o transporte em uma operação muito mais segura.
Além disso, essas novas tecnologias permitem algo que o mercado buscava há muito tempo: precificações mais personalizadas, que refletem a performance real de cada transportador. Quem investe em segurança e gestão de risco hoje é recompensado por isso. É um ganho coletivo, o transportador reduz perdas, a seguradora melhora a previsibilidade e o cliente final recebe um serviço mais confiável. É a tecnologia criando um círculo virtuoso dentro do ecossistema logístico.
No que o transportador deve se atentar para não cometer erros ao contratar os seguros de transporte?
O transportador precisa descrever suas operações com o máximo de precisão possível: tipo de carga, rotas, frequência das viagens, frota utilizada e medidas de segurança adotadas. Essas informações são essenciais para definir o enquadramento correto dos riscos da operação. É preciso avaliar os limites de cobertura, com eventual contratação de seguros complementares, como o seguro de frota, que pode oferecer um maior limite no caso de danos causados a terceiros e pode incluir cobertura para o próprio veículo transportador.
Além disso, é indispensável incluir a frota própria na apólice de RCV, garantindo que todos os veículos empregados nas operações estejam devidamente amparados.
Na sua opinião, o que diferencia uma corretora ou uma seguradora que é especializada no transporte rodoviário de carga das demais?
A especialização faz toda a diferença. O transporte de cargas é uma atividade complexa, com riscos próprios e responsabilidades amplas. Uma corretora que entende o setor conhece as dores do transportador, fala a mesma linguagem e consegue oferecer soluções realmente sob medida e que trazem resultado.
O que mais o motiva a atuar nesse segmento até hoje?
O transporte é um setor essencial para o país, ele move a economia, conecta pessoas e sustenta boa parte da cadeia produtiva nacional. Contribuir diariamente para a proteção desse setor é uma vocação. O que me motiva é justamente o dinamismo desse mercado.
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