Atividades que exigem mais rapidez no ambiente de trabalho, mais tempo no computador, muitas informações para serem assimiladas. Você costuma treinar o seu cérebro para a rotina de trabalho? De acordo com especialistas, o cérebro precisa ser desafiado para conseguir funcionar bem e, para isso, uma das alternativas é apostar em exercícios cerebrais.
Os exercícios cerebrais consistem em atividades que despertam a atividade cognitiva do cérebro, como memória e criatividade, como uma forma de desafiar o cérebro.
Lina Nakata, professora e pesquisadora da FIA Business School na área de carreira, explica que assim como precisamos de atividades físicas para que o nosso corpo fique fisicamente bem e saudável, a mesma lógica cabe para o cérebro. “Se não exercitarmos o cérebro, ficaremos defasados para as diversas demandas, que são cada vez mais complexas”, pontua a professora.
Como exercícios cerebrais podem colaborar para fortalecer o cérebro e ajudar no trabalho? De acordo com os especialistas, os exercícios ajudam à medida que “tonificam”, como um exercício físico, as áreas que podem ser utilizadas no dia a dia durante a rotina profissional.
Emerson Magno, neurologista, explica que, assim como o fortalecimento do músculo é feito com a alternância gradativa de cargas, mudança na frequência de atividades e tipo de exercícios para evitar acomodação da fibra muscular, assim também é com a nossa mente.
“Se fizermos isso de forma rotineira, constante, observamos o benefício para o músculo em relação ao aumento do próprio músculo, da força e da resistência. Para o cérebro é a mesma lógica: precisamos sempre exercitar para que o órgão não entre em estado de acomodação, ou seja, não trabalhe menos do que a capacidade natural”, ressalta.
Além disso, quando exercitamos o cérebro, aumentamos a quantidade de conexões entre os neurônios que já existem.
“Essas conexões são chamadas de sinapse. Quanto mais conectado e mais sinapse existir entre os neurônios, mais o cérebro consegue exercer sua capacidade plena, ou seja, consegue aumentar o seu potencial cognitivo, como concentração, atenção, memória, raciocínio lógico e também a criatividade”, explica.
Para quem quer começar a praticar os exercícios, não existe idade para iniciar o estímulo do cérebro a um melhor desempenho. “No entanto, as tecnologias e as redes sociais têm tornado nosso cérebro mais preguiçoso, à medida que isso traz mais conforto que exercício”, pondera Lina, o que faz com que os treinos tenham cada vez mais importância na rotina, sobretudo de trabalho.
São vários os exercícios que podem trazer benefícios à saúde cerebral, como:
1 – Sudoku – exercita o raciocínio lógico e a concentração.
2 – Jogos de Tabuleiro – estimulam a estratégia, o raciocínio lógico e a concentração.
3 – Aprendizagem de novas palavras – estimula o vocabulário e a memória.
4 – Leitura – estimula a concentração, a compreensão e a memória.
5 – Desenho livre – estimula a criatividade e a percepção visual.
6 – Exercícios de cálculo mental – estimula a agilidade mental e a capacidade de raciocínio lógico.
7 – Meditação – ajuda a controlar o estresse e a ansiedade, favorecendo a capacidade de concentração e memória.
Além disso, jogos como videogame são um tipo de entretenimento com “ótimo impacto para as carreiras”, pois desenvolve trabalho em equipe, aumento de capacidade de respostas, criatividade, além de estratégia e liderança, de acordo com Lina.
Em relação ao melhor momento para exercitar o cérebro, isso vai variar de pessoa para pessoa. Para os mais despertos pela manhã, esse é o momento mais propício para as atividades; para quem está mais ligado à noite, deve exercitar o cérebro nesse período. Além disso, é preciso constância nos exercícios, dizem os especialistas.
“Praticar esses exercícios deve ser algo contínuo. É como frequentar a academia, em que uma pessoa não muda de forma do dia para a noite; os exercícios para o cérebro, se feitos pela manhã, não vão impactar logo pela tarde, mas sim ao longo do tempo”, ressalta Lina.
Como escolher o exercício ideal para minha carreira?
Segundo os especialistas, não há exercícios melhores que outros, mas sim mais adequados a depender de cada profissão. “Dependendo da pessoa e da carreira, alguns exercícios podem ter um fit melhor. Por exemplo, se a função de uma carreira envolver mais raciocínio lógico, jogar sudoku pode fazer sentido. Se algo exigir concentração e foco, jogos de memória podem ajudar”, diz Lina.
Mas também é importante fazer algo diferente do que é feito durante o tempo de trabalho para gerar um outro estímulo cerebral, diz Magno. Por exemplo, quem lê com frequência durante o tempo de serviço deve aproveitar o momento de folga com atividades ligadas à música ou ao desenho.
Outras formas de potencializar o cérebro
Segundo Magno, além dos exercícios cerebrais, quatro pontos são essenciais para fortalecer o poder cognitivo do cérebro. “Não temos ainda disponível uma pílula da memória, que faça com que pessoas saudáveis tenham uma melhor cognição. As pessoas saudáveis devem se valer dessa mudança de rotina para ter uma melhor atividade cognitiva”, diz Magno.
Confira os pontos, segundo o neurologista:
- Atividade física – pessoas que praticam atividade física de forma rotineira vão ter, além de um corpo saudável, um cérebro e uma mente saudáveis. “Isso envolve desde a liberação de endorfinas e outros hormônios que dão a sensação de bem-estar, mas também com a melhora do fluxo sanguíneo cerebral”, diz Magno.
- Dormir de forma adequada – O sono funciona como uma faxina: é nele que as memórias são assimiladas ou descartadas, ou seja, o cérebro escolhe aquelas informações que são importantes e que vão se tornar uma memória definitiva e eliminam informações que não são essenciais e que acabam ocupando o espaço necessário do cérebro. “Quem não consegue ter uma rotina de sono, não vai ter uma boa memória a longo prazo, justamente porque a memória é fixada durante o sono”.
- Alimentação – Pessoas com dieta balanceada, rica em frutas, verduras, proteínas, vão ter um cérebro mais saudável já que diversas vitaminas, como a B12, vão fazer parte do funcionamento da cadeia neuronal, melhorando a capacidade do nosso cérebro.
- Utilização do cérebro – De acordo com o neurologista, pessoas que com uma atividade intelectual constante vão ter um funcionamento melhor do cérebro. Isso pode ser incluído na rotina com inclusão de novos hábitos estimulantes, desde uma leitura a aprender algo novo, um hobby, um novo idioma, por exemplo.
“É preciso ter o cérebro sempre desafiado. Quanto mais nós utilizamos, mais ele permanece ativo. Isso é uma lógica. O problema é que a questão está em variar a atividade e ter sempre algo novo a ser aprendido”, diz Magno.
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