Com livre passagem
Compartilhe

Pedágio free flow prevê cobrança automática e por distância percorrida

Trânsito parado em trechos de estradas com praças de pedágio são comuns de serem observados. Mesmo quem passa pela cobrança automática é obrigado a reduzir a velocidade nas cancelas em dias de feriado prolongado.

Com todo o avanço da tecnologia nos meios de pagamento, em que se pode fazer transferências de forma quase que instantâneas ou pagar uma compra com cartão por aproximação, ficar estacionado na fila em frente às cabines de cobrança de pedágio parece ser algo bastante ultrapassado, e verdade seja dita, é.

À espera de uma mudança nesse cenário, o sistema free flow (fluxo livre, em inglês) tem sido ansiosamente esperado pelos brasileiros. Foi em junho do ano passado, que o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei nº 14.157, que estabelece condições para a implementação da cobrança pelo uso de rodovias, por meio de sistemas de livre passagem e sem cancelas.

O free-flow opera por meio de pórticos, que são sistemas instalados na rodovia com identificação automática e eletrônica dos veículos.  Esse sistema já é uma realidade em mais de 20 países. Na América Latina, o Chile é o único que utiliza o pedágio de passagem livre de forma oficial.

O novo modelo free flow já vai valer para as novas concessões federais e estaduais, mas deve chegar às atuais concessões na medida em que os contratos em vigor sejam repactuados, caso a caso.

Pague pelo que usar, ou melhor, pelo trecho que passar!

Outro ponto aprovado em Lei que chama bastante atenção é a cobrança do pedágio proporcional ao trecho que é percorrido pelo veículo. Atualmente, os pedágios cobram um valor fixo por veículo, conforme a categoria (moto, carro, caminhão e carretas).

“Para quem trabalha diretamente com isso, como transportadores e caminhoneiros, por exemplo, é mais vantajoso porque torna a cobrança mais pertinente a rota feita por determinado veículo. E quando falamos das empresas que organizam os transportes, a fluidez nas rodovias gera um desgaste menor das pastilhas de freio, o que pode aumentar a vida útil desse item”, afirma Alexandre Fontes, superintendente de Operações da Veloe.

Segundo ele, “de modo geral, a Veloe, está bem otimista com essa possibilidade do free flow, pois traz uma cobrança mais justa para todos que utilizam a malha rodoviária”, isso porque será feita com base na quilometragem percorrida e não em pontos fixos pré-estabelecidos.

No free flow, o sistema também calcula a distância atravessada por cada veículo. Quanto à cobrança, pode ser feita de dois jeitos, um deles é através de tags semelhantes às já existentes em sistemas de cobrança automática, mas que serão identificadas de forma instantânea na passagem pelos pórticos, por meio de um sistema de RFID (radio frequency identification,  em tradução: identificação por radiofrequência), composto por uma antena e um transceptor, que faz a leitura do sinal e transfere a informação para um dispositivo leitor, que deverá conter a informação do percurso do veículo.

Uma outra maneira de realizar essa cobrança é por meio de equipamentos de captura e processamento de imagens das placas dos veículos em movimento, por câmera de Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR), sistema similar ao de controle de evasão de pedágio presente nas concessionárias de rodovias.

Fontes lembra que isso tende a mudar o quadro financeiro de novas concessões, ampliando as receitas reduzindo evasão de pedágio por rota de fuga, que ainda são mais comuns do que se imagina. “Dessa forma, a empresa responsável pela rodovia em questão pode investir esse dinheiro em outras vertentes que sejam necessárias no momento, melhorando a experiência e a segurança dos motoristas, por exemplo”.

Segundo informações do site “Agência Infra”, no momento, um caso que é exemplo de impossibilidade de cobrança justa considerando o percurso percorrido, é o que ocorre na Via Dutra, rodovia de maior movimento do país. Na rodovia só 10% dos usuários pagam 100% dos custos e financiam os 90% que trafegam sem pagar entre as praças de pedágio, que, por sua vez, representam cerca de 30% do custo de operação das rodovias.

Em outro trecho a notícia publicada pela Agência, afirma que os pontos críticos da rodovia são os centros urbanos que usam a estrada como ligação dos municípios; de São Paulo e Guarulhos e o Vale do Paraíba e outras cidades do estado do Rio de Janeiro. O fluxo intraurbano exige a construção e manutenção de centenas de quilômetros de marginais e o provimento de serviços ao usuário.

No caso, a Rodovia Presidente Dutra, será justamente a primeira concessão federal com sistema de pedágio de livre passagem. No início do mês de março, foi realizada a cerimônia de assinatura do novo contrato de concessão com o Grupo CCR. Ao longo de 30 anos de contrato, são esperados R$14,8 bilhões em investimentos pelo grupo, que já operava a Via Dutra.

O projeto do free flow está previsto para o quarto ano de concessão da via, de acordo com informações da concessionária e será implementado, primeiramente no trecho de entrada e saída das cidades de São Paulo e Arujá/SP.

Alexandre Fontes, superintendente de Operações da Veloe

Alexandre Fontes, superintendente de Operações da Veloe


voltar