Compartilhe
13 de Dezembro de 2017 – 02h10 horas / Fecomercio

Após quase três anos de uma crise sem precedentes, a economia brasileira já mostra sinais evidentes de recuperação, que devem se intensificar em 2018. Segundo projeções da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) fechar o ano com elevação de 1%, um pouco mais otimista que o mercado. A inflação, medida pelo IPCA, deve atingir 2,8%, enquanto as vendas do varejo no Brasil devem fechar positivas em 3%, mesma taxa de crescimento esperada para a indústria.

 

Para a FecomercioSP, os bons resultados da produção e do faturamento de praticamente todas as atividades também respaldam o otimismo para 2018, mesmo se tratando de um ano eleitoral. Nesse sentido, a Federação destaca que em 2017 a economia brasileira se recuperou de maneira consistente mesmo durante um período de muita instabilidade política, pós-impeachmente com a votação de duas denúncias contra o presidente, que claramente afetaram o ânimo do consumidor e a confiança do empresário e investidor. A assessoria econômica da Entidade acredita em um ambiente político mais tranquilo para 2018.

 

Em 2017, a expectativa é de um superávit de US$ 65 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2018, em US$ 45 bilhões. Somadas a isso, as privatizações e concessões devem continuar estimulando os investimentos e contribuindo ainda mais para a geração de emprego. A Federação aposta que entre os principais desafios para o novo ano estão o controle de gastos e o ajuste fiscal, que depende da agenda de reformas e de um grande esforço político.

 

Confiança

Após o pessimismo ter predominado na passagem de 2015 para 2016, com o cenário de instabilidade socioeconômica em que se encontrava o País, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) iniciou o ano de 2017 com sinais de recuperação, já observados a partir do segundo semestre de 2016. Para o mês de dezembro, estima-se um ICC com um patamar de aproximadamente 105,3 pontos, o que significa otimismo. Assim, o índice deve fechar 2017 em torno de 6,3%, em média, acima do verificado em 2016.

 

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, os crescimentos de 0,1% do PIB no terceiro trimestre e de 1,4% em relação ao mesmo trimestre de 2016, o cenário de inflação e juros em queda, os indícios de recuperação do mercado de trabalho, entre outros fatores, foram os principais responsáveis pela recuperação do indicador, uma vez que acabaram criando o efeito renda, ao provocar um ganho real no poder de compra dos consumidores. Para a Federação, o aparente encerramento da crise e a agenda de reformas em curso serviram para acelerar a retomada da confiança dos consumidores.

 

A confiança dos empresários paulistanos também mostrou recuperação, com processo iniciado no segundo semestre de 2016. Em abril, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) rompeu a barreira do pessimismo (acima de 100 pontos) e, em maio, alcançou 104,3 pontos, o maior patamar registrado em três anos. Contudo, com o início da crise política em meados de maio, os empresários adotaram uma posição mais cautelosa, mas ao longo do segundo semestre o indicador voltou a crescer de forma mais consistente. Para o mês de dezembro, estima-se um ICEC com um patamar de 110,2 pontos. Com isso, o índice deve fechar 2017 aproximadamente 23% acima, em média, do verificado em 2016.

 

Estoques e expansão

A retomada do consumo das famílias e o comportamento ainda conservador dos empresários do varejo para novos pedidos com os fornecedores fizeram com que o Índice de Estoques (IE) da FecomercioSP tivessem um desempenho positivo, crescendo quase 9% no ano. Esse desempenho foi motivado, principalmente, pela queda na proporção de empresários que declararam estar com estoques acima do adequado, ou seja, com as prateleiras cheias, movimento que tende a ser intensificado por ocasião do Natal, quando os pedidos devem crescer menos do que a projeção das vendas. Com isso, o IE deve fechar o ano em 110,3 pontos. A Federação prevê que, em 2018, dependendo dos resultados reais e da diferença entre projeções e vendas efetivas, a adequação de estoques volte ao seu patamar histórico de antes da crise, que era de cerca de 125 pontos entre 2011 e 2013.

 

Em 2017, após dois anos de redução de postos de trabalho, o mercado deu os primeiros sinais de recomposição, exatamente como já antecipava, desde o fim de 2016, o Índice de Expansão do Comércio (IEC) também produzido pela Entidade. Da mesma forma como ocorreu com a confiança, a propensão dos empresários a investir também cresceu cerca de 22%, sendo que houve crescimento em nove dos 12 meses do ano. A tendência é que no mês de dezembro o IEC alcance 106,4 pontos, fechando o ano dentro da zona de otimismo (acima dos 100 pontos), o que não ocorre desde janeiro de 2015. Para 2018, além das contratações que vão se intensificar e colaborar com a recomposição do emprego no Brasil, uma parcela significativa das empresas deve voltar a efetivamente investir na expansão das atividades tanto no comércio quanto na indústria.

 

Endividamento e inadimplência

Em 2017, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) variou entre um paulistano conservador, ainda se protegendo da crise – evitando contrair crédito e liquidando débitos atrasados – no início do ano, e o mesmo consumidor voltando a se endividar a partir de junho, dada a conjuntura de inflação em queda, aliada à redução da taxa de juros e, ainda mais significativo, a injeção dos recursos do FGTS de contas inativas.

 

A oscilação se evidencia ao considerar que a média de famílias endividadas caiu de 52,2%, no último trimestre de 2016, para 49,3%, nos primeiros três meses deste ano. Com as posteriores cinco altas consecutivas da PEIC entre junho e novembro, a proporção de famílias paulistanas endividadas alcançou 56,7% no penúltimo mês do ano, o maior porcentual desde julho de 2013. Ainda entre junho e novembro, a inadimplência cresceu 1,4 ponto porcentual (p.p.) com 20,4% das famílias paulistanas declarando ter alguma conta em atraso. Para o mês do Natal, a expectativa é que o endividamento continue alto com 55,2%, 3,3 p.p. superior a dezembro de 2016. Com um pouco mais de segurança na economia, com inflação em baixa e melhora no emprego, tanto as famílias buscam aumentar o consumo via crédito, com melhor controle das dívidas, quanto os bancos também ficam cada vez menos seletos na oferta de crédito, o que deve manter as vendas do varejo aquecidas, com destaque para os bens duráveis.

 

A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) também mostrou um consumidor ainda conservador pós-crise. De forma geral, a intenção de financiamento das famílias cresceu 3,8% na média do ano em relação ao ano passado, o que é pouco diante dos patamares históricos. A FecomercioSP projeta crescimento entre 3% e 5% no volume de crédito para a pessoa física como balanço do ano, e é evidente que a tendência das famílias em buscar novos crediários anda paralelamente à propensão dos bancos em disponibilizar recursos. Apesar de tímida, a recuperação indica o início de um ciclo positivo que se consolidará em 2018, com a recuperação econômica se convertendo efetivamente em mais emprego e menos risco de crédito.

 

Inflação

No primeiro semestre de 2017, os preços apurados pelo indicador de Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apontaram alta média de 0,15%. Já na segunda metade do ano, até outubro, o CVCS computou elevação na média, atingindo 0,38%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 3,37%.

 

Nos dez meses de 2017, as classes de renda que menos sentiram os aumentos no custo de vida foram a E e a D, que acumularam altas de 1,8% e 1,84%, respectivamente. As classes A e B foram mais impactadas, sofrendo aumentos no custo de vida de 2,82% e 2,95%, respectivamente, no período.

 

Ao longo do ano, o segmento Saúde e cuidados pessoais foi o maior responsável pela alta no Índice de Preços do Varejo (IPV), registrando crescimento de 4,75% nos últimos 12 meses. A segunda maior contribuição para a alta foi do grupo Transportes, cujos preços variaram 2,47% no mesmo período.

 

Em paralelo, o Índice de Preços de Serviços (IPS) apresentou alta média mensal de 0,37%, no primeiro semestre de 2017, muito abaixo do observado no mesmo período de 2016, quando a média foi de 0,61%. Entre julho e outubro, a variação média subiu para 0,51%. Pelo terceiro ano consecutivo, o setor de Habitação exerceu a principal contribuição de alta no IPS, assinalando em 2017 elevações de 5,07% e 5,41% nos últimos 12 meses. A segunda maior pressão de alta em 2017 foi do grupo Saúde e cuidados pessoais, altas de 8,81% no acumulado de 2017 até outubro e de 10,60% nos últimos 12 meses. Entre os itens que mais encareceram, destacam-se Plano de saúde (13,6%) e Serviços laboratoriais e hospitalares (3,43%).

 

Consumo

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu em junho do ano passado o seu mais baixo nível da série histórica, com 63 pontos, mas a partir de julho de 2016 se iniciou uma recuperação com altas sequenciais até março deste ano, atingindo 78,7 pontos, um ganho de 25% nesse período. A retomada do ICF se deu pela redução da inflação – com destaque para o grupo de Alimentos e bebidas -, queda da taxa de juros e injeção dos recursos do FGTS de contas inativas que se deu no primeiro semestre deste ano. O índice que oscilou entre 77,7 e 79 pontos de março a setembro, passou dos 80 pontos em outubro, subiu para 82,9 pontos em novembro e, segundo projeções, deve encerrar o ano com 83 pontos, alta anual de 9,8%, sendo o maior valor desde maio de 2015.

 

Segundo a assessoria técnica da Federação, o patamar ainda está na área de insatisfação, abaixo dos 100 pontos. Entretanto, a recuperação visível em relação a 2016 já é suficiente para gerar um efeito positivo nas vendas do varejo, animando os empresários do comércio para um 2018 com mais vendas, investimentos e contratações.


voltar

SETCESP
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.