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07 de Agosto de 2018 – 14h49 horas / G1

Brasil perde, em média, mais de R$ 267 bilhões por ano por causa dos congestionamentos no caminho para o trabalho. Isso representa quase 4% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do país – soma de todos os bens e serviços produzidos.

 

O cálculo foi feito pelo economista Guilherme Vianna, da Quanta Consultoria, uma das empresas responsáveis por elaborar o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Foram analisadas as dez principais Regiões Metropolitanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Belém.

 

A pesquisa usou dados da série histórica da Pesquisa Nacional por Domicílio (Pnad), de 1992 até 2015 (último dado disponível), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e comparou o tempo médio das viagens com o valor médio da hora de trabalho da população empregada em uma das dez Regiões Metropolitanas do país.

 

Segundo Vianna, mais de nove milhões de brasileiros demoram mais de uma hora para chegar ao trabalho. O tempo considerado ideal seria de 30 minutos. Na conta do pesquisador, o tempo perdido no trânsito pelos trabalhadores poderia ser convertido em renda, produtividade, lazer, estudos ou bem-estar.

 

“A má distribuição de empregos e serviços na cidade é o principal problema. Ao analisar a renda, os mais ricos e os mais pobres demoram menos nos deslocamentos do que a média. Quem demora mais são as classes intermediárias, que trabalham muito longe. Na realidade, os mais pobres não têm dinheiro nem para ir trabalhar”, afirma Vianna.

 

Desde 2012, a Região Metropolitana do Rio possui o maior tempo médio de deslocamento casa-trabalho do país, segundo os números da Pnad. São gastos, em média, 50 minutos só para ir ao trabalho. A Grande São Paulo, com seus 20 milhões de moradores, aparece em seguida. Lá, são gastos 46 minutos.

 

“O Rio de Janeiro é muito desigual: 56% dos empregos estão concentrados entre o Centro, a Zona Sul e a Barra da Tijuca, mas a população dessas regiões não passa de 30%. O tamanho da Região Metropolitana do Rio em área é quase igual à de São Paulo. Mas em São Paulo há mais polos de emprego, que são mais bem distribuídos do que no Rio. Sem contar que a infraestrutura de transporte é maior”, disse Vianna.

 

“A cidade hoje enfrenta três problemas essenciais: mobilidade, sustentabilidade e coexistência. Minha metáfora da cidade é a tartaruga. Ela é um exemplo de trabalho, mobilidade, de moradia, tudo junto. E, ao mesmo tempo, o casco da tartaruga é quase como se fosse uma tessitura urbana. Se você cortar o casco da tartaruga, a moradia aqui, o trabalho ali, ela vai acabar morrendo. É isso que está acontecendo com nossas cidades”, comenta o arquiteto Jaime Lerner.


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