Ao mesmo tempo em que passou a ver maior crescimento econômico, o Banco Central reduziu novamente suas expectativas sobre a inflação neste ano, ainda mais abaixo da meta oficial, e manteve a sinalização de que deve continuar reduzindo os juros básicos no início de 2018.
Agora, o BC calcula alta do IPCA em 2,8% em 2017 e de 4,2% em 2018 pelo cenário de mercado, sobre 2,9 e 4,2%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta (21/12). A meta de inflação deste e do próximo ano é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O BC manteve as ressalvas sobre a condução da política monetária, ao pontuar que uma nova redução moderada para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro, é adequada neste momento, mas "é mais suscetível a mudanças na evolução do cenário e seus riscos que nas reuniões anteriores".
E voltou a dizer que "para frente, o Comitê entende que o atual estágio do ciclo recomenda cautela na condução da política monetária", enfatizando a mensagem de liberdade de ação para decidir os próximos passos da política monetária.
Para agentes do mercado, a preocupação com as reformas, especialmente com a da Previdência, é o que norteia a postura da autoridade monetária.
O mercado aposta em corte de 0,25 ponto na taxa básica de juros em fevereiro, após redução de 0,5 ponto percentual feita neste mês e que levou a Selic ao seu menor nível histórico, de 7 por cento.
"Acho que veio muito em linha com o que já tinha sido divulgado… Continuo esperando queda de juros de 0,25 ponto em fevereiro, com a taxa ficando estável para o resto do ano", afirmou a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara.
Sem a mudança nas regras para aposentadoria, cuja votação ficou para fevereiro na Câmara dos Deputados, há a crença de que o BC poderá limitar os cortes nos juros.
"Persistem riscos de que uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira afete prêmios de risco e eleve a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária", trouxe o BC no relatório.
Para 2019 e 2020, o BC manteve no relatório a expectativa de um IPCA em 4,2% e 4,1%, respectivamente, ao redor da meta nos dois casos. Em 2019, o centro da meta de inflação é de 4,25% e em 2020, de 4,0%, sempre com banda de 1,5 ponto percentual.
Atividade
O BC também melhorou sua expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 1%, contra 0,7% antes, e a 2,6% no ano que vem, contra 2,2%.
Mesmo assim, os números seguem mais modestos que um crescimento na atividade esperado pelo ministério da Fazenda de 1,1% para este ano e de 3,0% para o próximo.
Segundo o BC, a melhora para 2017 tem como pano de fundo a expectativa de produção agropecuária mais forte, com expansão de 12,8%, sobre 12,1% antes, como resultado da enorme safra registrada no país e que ajudou a reduzir os preços dos alimentos.
Além disso, o BC também vê crescimento superior no setor de serviços (de 0,3%, sobre 0,1% antes) e maior consumo das famílias, com crescimento de 1,2%, sobre 0,4% calculado até então.
O ajuste no PIB de 2018, por sua vez, está "em linha com a retomada gradual da atividade econômica ao longo do ano e com as perspectivas de sua continuidade nos próximos trimestres". O BC destacou que, no próximo ano, espera expansão maior da indústria (2,9%, sobre 2,6$) e do consumo das famílias (3,0%, contra 2,5%).
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