O Banco Central (BC) reduziu de 2,6% para 1,6% a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Segundo a autoridade monetária, a greve dos caminhoneiros, ocorrida no fim de maio, dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica, mas trouxe impactos negativos, "ainda não completamente delineados".
As informações constam do Relatório de Inflação (RI) trimestral de junho, divulgado nesta quinta-feira. A revisão da previsão para o desempenho do PIB considerou os últimos dados divulgados para o primeiro trimestre, os indicadores coincidentes já conhecidos para o segundo trimestre do ano e o conjunto de informações disponíveis até o momento.
Entre os componentes da oferta, o BC alterou suas projeções para a produção agropecuária de queda de 0,3% para expansão de 1,9%. A melhora na projeção se deve a resultado acima do esperado nos três primeiros meses de 2018 e à sequência de elevações nos prognósticos para a produção agrícola anual, segundo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE.
"Destacam-se, neste contexto, as revisões ocorridas nas projeções do IBGE para a produção de soja, café e cana-de-açúcar, produtos com elevada participação no valor adicionado da agricultura. As estimativas para as variações anuais desses itens passaram de -1,6%, 14,6% e -2,2%, no levantamento de fevereiro, respectivamente, para 0,7%, 23,3% e 2,2%, no levantamento de maio", explica o BC.
Para o desempenho da indústria, a estimativa foi revisada de um avanço de 3,1% para 1,6%. Segundo a autoridade monetária, ressaltam-se as alterações nas projeções para a indústria de transformação, de 4% para 2,4% de aumento, e para a construção civil, de avanço de 1,5% para recuo de 0,7%. Já a projeção para distribuição de eletricidade, gás e água saiu de alta de 2% para 2,6%, motivada pelo forte crescimento no primeiro trimestre.
Para os serviços, a projeção caiu de 2,4% para 1,3% de crescimento, com revisão para baixo nos prognósticos para a maioria das atividades. As estimativas para o crescimento anual do comércio e de transporte, armazenagem e correio, setores bastante correlacionados à atividade industrial, saíram de ampliação de 4,2% para 2,7% e de 3,8% para 2,6%, na ordem. "Adicionalmente, resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre deste ano motivaram reduções nas estimativas para serviços de informação (de 2,4% para -0,9%), intermediação financeira e serviços correlacionados (de 2,7% para 0,2%) e outros serviços (de 2,9% para 1,5%)", diz o BC.
Entre os componentes da demanda, a estimativa de crescimento na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, um indicativo de investimentos) foi revisada de 4,1% em março para 4% na projeção atual, o que é considerado um cenário de estabilidade das projeções, segundo o BC. A autoridade monetária destaca o resultado positivo desse componente no primeiro trimestre, considerados os dados dessazonalizados, quarto avanço consecutivo.
Já o consumo do governo deverá recuar 0,2%, ante projeção anterior de crescimento de 0,5%, "consistente com expectativa de piora na arrecadação dos governos em cenário de crescimento econômico menor do que o previsto no Relatório de Inflação de março".
A estimativa para a expansão do consumo das famílias foi revista de 3%, na projeção de março, para 2,1% agora, "compatível com uma recuperação mais lenta da massa salarial, resultado da redução no ritmo de crescimento dos rendimentos e da população ocupada".
O BC também mudou as estimativas para o desempenho das exportações e das importações de bens e serviços em 2018, para ampliação de 5,2% e 6,4%, respectivamente, ante elevação de 4,9% e 6,8% contempladas no Relatório de Inflação de março.
"A ligeira elevação na projeção para as exportações reflete o desempenho melhor do que o esperado no primeiro trimestre e as revisões em prognósticos para safras agrícolas de produtos importantes da pauta de exportação. A despeito do desempenho no primeiro trimestre acima do previsto e da incorporação da importação ficta de plataforma petrolífera nos dados do semestre, a projeção para o volume de importações foi reduzida em contexto de ajuste cambial e de crescimentos mais modestos da indústria de transformação e do consumo das famílias", detalha o Relatório de Inflação de junho.
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