De janeiro a abril, o superávit comercial soma US$ 16,576 bilhões, saldo 8,7% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,061 bilhões em abril, de acordo com o Ministério da Economia. O valor é 2,3% superior ao alcançado em igual período no ano passado, pela média diária. O superávit se dá quando as exportações apresentam número maior que o das importações. Quando ocorre o contrário, tem-se um déficit.
Tanto as exportações quanto as importações apresentaram queda no mês e no quadrimestre. No período de janeiro a abril, as exportações tiveram queda de 2,7% em relação ao mesmo período de 2018. As importações também tiveram recuo — de 0,8% em relação ao ano passado.
O professor Alcides Vaz, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, explica que esses resultados — apesar de parecerem positivos — não são tão positivos assim: “Esse resultado é aparentemente positivo, mas o saldo decorre da diferença entre a exportação e a importação. O superávit registrado é fruto de uma diminuição das importações (que demonstram desaquecimento da economia interna) e das exportações (devido ao desaceleramento da economia global), então na realidade não é tão positivo quanto aparenta”.
A soja em grão teve uma queda de 7,9% do preço no quadrimestre, o que pesa bastante na balança comercial por ser um dos principais produtos de exportação brasileira. O minério de ferro teve aumento de 2,7% no preço, mas apresentou queda de 6,8% no volume de produção. O preço do petróleo em bruto também diminuiu 6,6%. Café em grão teve queda de 17,4%, açúcar em bruto também caiu 17% e o grupo veículos de carga teve queda de 14,8% nas exportações.
Herlon Brandão, subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia lembrou que a crise na argentina afetou a balança comercial brasileira, principalmente nos automóveis. Com isso, houve redução de 46,5% no total de exportações para o país e 37,9% para o Mercosul. “É importante ressaltar que a crise argentina começou a se agravar a partir de abril então comparando janeiro-abril desse ano com janeiro-abril do ano passado é um cenário pré-crise, o que significa que, provavelmente, nos próximos meses teremos taxas menores de queda”.
“A argentina é um dos principais parceiros comerciais e uma crise na argentina afeta diretamente nosso desempenho comercial, principalmente em bens de capital e bens manufaturados. Há uma consolidação de uma tendência já observada, que é a deterioração da economia da argentina. E quando a economia argentina vai bem, nosso comércio exterior vai bem. Quando vai mal, isso reflete na nossa balança”, explicou.
Como destaque positivo no mês de abril, a exportação de carne para a China aumentou expressivamente, devido a problemas sanitários que influenciaram a produção asiática e aumentaram a demanda de carne brasileira. A exportação de carne bovina teve um aumento de 48% no mês de abril, frango teve variação positiva de 36% e carne suína 51%.
O bloco econômico que o Brasil mais exportou nos primeiros quatro meses do ano foi China, Hong Kong e Macau (US$ 20,1 bilhões), seguido por Estados Unidos (US$ 9,5 bilhões), Argentina (US$ 3,2 bilhões), Países Baixos (US$ 2,8 bilhões) e Alemanha (US$ 1,8 bilhão).
A expectativa do Ministério da Economia para o saldo da balança comercial de 2019 é de US$ 50,1 bilhões — menor do que o ano passado que ficou em US$ 58,3 bilhões.
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