O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou nesta terça-feira que o Brasil, em breve, contará com três a quatro alternativas de acesso ferroviário a diferentes terminais portuários. Isso, segundo ele, vai propiciar um “choque” de oferta de transportes no país, com reflexos diretos no preço do frete.
“Isso significa choque de oferta. Se a gente tem choque de oferta, a gente vai ter os fretes caindo, e caindo bastante”, afirmou em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados. O ministro da Infraestrutura explicou que, após o leilão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), trecho de Caetité a Ilhéus, na Bahia, serão investidos R$ 3,3 bilhões na malha e mais R$ 5 bilhões para construção do Porto Sul. “É uma ferrovia que vai começar operando com R$ 18 milhões de toneladas de capacidade para minério de ferro, mas que terá 60 toneladas de capacidade.
É uma capacidade excedente que vai paulatinamente sendo usada”, afirmou ele, lembrando que o Estado tem um “agronegócio que vem crescendo muito”. Além de falar da Fiol, Tarcísio explicou que será feita, “no futuro”, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). “Nós teremos um grande corredor de leste a oeste, assim como nós já temos um corredor de norte a sul, que vai desde o Porto de Itaqui ao Porto de Santos”, disse. Ele contou que o corredor leste-oeste vai começar inicialmente em Água Boa (MT) até chegar em Lucas do Rio Verde (MT) e, em seguida, “unirá o Brasil” levando carga até o Porto de Ilhéus.
Na audiência, o ministro contou que é possível perceber as obras de melhoria do transporte impactando o preço do frete de produtos. Ele afirmou que, após a pavimentação da BR-163 (MT) rumo a Miritituba (PA), o frete na direção aos portos da região Norte, o chamado “Arco Norte, caiu 26%. Isso reduziu em 11%, em média, o frete no Brasil por conta da competição gerada. “Pela primeira vez, movimentamos no Arco Norte a mesma quantidade de grãos, em volume, que nós movimentamos nos portos do Sul e do Sudeste”.
Parte deste ineditismo, disse Tarcísio, também foi constatada na competição com outros mercados. “Pela primeira vez, também conseguimos tirar a carga de Mato Grosso e levar para China em um preço mais barato do que o produto de Illinois ou de Minnesota, nos Estados Unidos. Isso também nunca tinha acontecido”, comemorou. Segundo o ministro, a grande expectativa do setor ferroviário é a Ferrogrão, trecho de ligação Sinop (MT) e Miritituba (PA).
Segundo ele, a nova ferrovia promete ser o projeto de transporte “mais transformador do país”, que atuará como “um grande regulador de tarifa” de frete. “Se a pavimentação da BR-163 fez com que o frete caísse 26%, imagine o que vai acontecer com a entrada em operação da Ferrogrão”.
O ‘choque’
A declaração de Tarcísio remete ao “choque” de energia barata anunciado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, nos primeiros meses de governo. O chefe da equipe econômica se referia à previsão de abertura do mercado de gás natural no Brasil. Isto diminuiria o preço do combustível em 40%, o que seria capaz de reduzir as contas de luz e ainda estimular a reindustrialização do país. O “choque” prometido por Guedes não se confirmou até o momento.
Apesar da aprovação da nova Lei do Gás e da confirmação do plano de quebra do monopólio da Petrobras no segmento de gasodutos, a resistência das distribuidoras de gás e, mais recentemente, a conjuntura econômica na pandemia prejudicou os planos do ministro.
Em maio deste ano, houve sim uma variação da ordem de 40% no preço do gás, mas para cima. A Petrobras aplicou um reajuste de 39% no preço do gás natural fornecido para as distribuidoras.
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