A inflação oficial no Brasil atingiu em junho o pico no ano e o maior nível em mais de duas décadas para o mês por conta da disparada dos preços dos alimentos e dos combustíveis após a greve dos caminhoneiros e da pressão da energia elétrica, aproximando-se do centro da meta em 12 meses.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou no mês passado 1,26%, contra alta de 0,40 por cento em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (6).
É a maior alta para junho desde 1995 (2,26%) e também o maior avanço considerando todos os meses desde janeiro de 2016 (1,27 por cento).
Em 12 meses, o IPCA atingiu 4,39% até junho, contra 2,86 por cento em maio, patamar mais elevado desde março de 2017 (4,57%). Com isso, o índice volta a superar o piso da meta oficial, de 4,5% pelo IPCA com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Os dados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters com analistas de avanço de 1,28 por cento na comparação mensal e de 4,42% em 12 meses.
A paralisação dos caminhoneiros no final de maio afetou o abastecimento de alimentos, combustíveis e outros insumos em todo do país no final de maio, elevando os preços.
"Com o problema no abastecimento, tivemos uma escassez de produtos que provocou uma onda de altas. Percebemos que depois da greve os preços voltaram mais altos do que estavam, mas ao longo do mês começaram a ceder", afirmou o economista do IBGE Fernando Gonçalves.
O IBGE informou que as altas nos grupos Alimentação e bebidas, Habitação e Transportes, que concentram 60 por cento das despesas das famílias, foram responsáveis por 93% do resultado do índice de junho.
O avanço de 2,03% nos preços de alimentos em junho, após 0,32% em maio, foi o mais alto desde janeiro de 2016, impactado principalmente pelo aumento de 3,09 por cento nos preços dos alimentos para consumo no domicílio.
"A alta dos alimentos pela greve foi disseminada, Temos que aguardar para ver com fica no mês que vem e se esse efeito se esgotou", afirmou Gonçalves.
Já o grupo Transportes subiu 1,58%, também a taxa mais alta desde janeiro de 2016, com os avanços de 5 por cento da gasolina e de 4,22% do etanol representando 21 por cento do IPCA do mês.
A energia elétrica também pesou sobre o bolso do consumidor ao ficar 7,93% mais cara em junho com a bandeira tarifária vermelha patamar 2, e representou o maior impacto individual no índice, levando o grupo Habitação a subir 2,48%.
A pressão sobre os preços provocada pela greve, entretanto, deve ficar restrita a maio e junho, em um ambiente no país de consumo ainda contido pelo desemprego alto, economia mais fraca que o esperado e incertezas relacionadas às eleições presidenciais.
O Banco Central deixou claro na semana passada que vê a inflação perdendo força após junho, e com isso acabou reforçando visões de que não mexerá tão cedo na taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 6,50%.
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