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01 de Junho de 2018 – 15h04 horas / Luiz Marins

Segundo a imprensa e as redes sociais, os líderes do governo tinham informações e foram até mesmo avisados da crescente insatisfação dos caminhoneiros. Sem levar a sério essas informações e avisos, não tomaram as providências que poderiam ter evitado a greve com suas graves consequências para a economia e para a população.

 

Mesmo quando a greve começou, os líderes do governo acreditaram que poderiam “negociar” e paralisar a greve com medidas paliativas que não atendiam as demandas reais dos caminhoneiros.

 

A greve continuou e o governo, totalmente acuado, teve que atender a quase todas as demandas, pois a situação chegou a tal ponto crítico que o custo de atender as reivindicações seria menor do que o custo da paralização total do país.

 

O risco que o Brasil corre agora é que outras categorias insatisfeitas e “ensinadas” pelas conquistas dos caminhoneiros adotem a mesma postura para serem ouvidas e atendidas.

 

Que lições podemos tirar dessa greve para a empresa? E para os líderes empresariais?

 

Será que nas empresas esses fatores que levaram à ruptura, a ações extremadas, à greve, também não estão presentes?

 

Será que o distanciamento dos líderes, da realidade concreta dos liderados não acontece também nas empresas?

 

Será que muitos comportamentos dos líderes não acabam “educando” os liderados a tomar atitudes extremadas para que consigam ser ouvidos e levados a sério?

 

Como antropólogo e consultor, fico impressionado ao observar que as lideranças esperam a situação chegar ao limite da ruptura para daí ouvir, respeitar, levar a sério e iniciar um diálogo com seus liderados, muitas vezes tarde demais.

 

Assim, vejo muitos varejistas e prestadores de serviço que só mudam quando uma ruptura grave os ameaça – uma reclamação no PROCON, uma divulgação negativa nas redes sociais, uma perda sensível de clientes.

 

Vejo muitos empresários e dirigentes que só mudam sua postura, muitas vezes, arrogante e distante, quando são ameaçados com um movimento paredista ou quando suas empresas começam a sofrer boicotes internos com consequências econômicas graves.

 

Vejo muitos dirigentes insensíveis, com privilégios e mordomias em descompasso com a realidade da empresa e dos liderados, causando uma revolta surda entre todos.

 

Deixando chegar ao limite da ruptura, a disposição para o diálogo fica comprometida e o custo de não ter se antecipado aos problemas e enfrentado a realidade com seriedade é dezenas de vezes maior.

 

Mais importante que a boa intenção é a sensibilidade à realidade.

 

Pense nisso. Sucesso!


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