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20 de Julho de 2016 – 04h22 horas / Cruzeiro do Sul

Após dois anos e meio de investigação, policiais civis de Pilar do Sul desmantelaram uma quadrilha de furto e receptação de caminhões, com nove integrantes da região, e ramificações no Mato Grosso do Sul. Entre os participantes do bando, cinco deles já estão presos, havia até mesmo um operador de despachante de Votorantim. Nesse período, os policiais civis suspeitam de que o grupo tenha comercializado cerca de 50 caminhões por ano, movimentando aproximadamente R$ 3 milhões.

 

Uma das diligências, para o cumprimento de 14 buscas domiciliares e nove mandados de prisão preventiva, aconteceu na aldeia indígena Jaguapiru, na cidade de Dourados (MS), onde um caminhão foi recuperado. Devido às suspeitas de receptação no Paraguai, o bando também poderá ser indiciado por associação criminosa internacional.

 

De acordo com as informações passadas pelo setor de investigação da delegacia de Pilar do Sul, durante o decorrer da operação denominada Vitória, em alusão à fazenda do mesmo nome que os criminosos utilizavam para ocultar e adulterar os veículos, o bando agia sempre à noite, e com uma característica que aponta um forte esquema de organização: depois de escolhido o caminhão a ser furtado, normalmente das marcas Volkswagen e Mercedes-Benz por serem de fácil escoamento, a subtração só ocorria quando já houvesse placas e documentos falsos.

 

Outro método da quadrilha era, já com o caminhão furtado, utilizar normalmente as rodovias, passando inclusive em frente às bases da Polícia Rodoviária, pois o uso de estradas vicinais é que poderia chamar mais atenção. Além disso, os criminosos também contavam com os batedores que iam na frente em carros de passeio, para informar a situação das estradas, e, no caso de uma abordagem, dificilmente seria vistoriado o chassi, além do que o proprietário ainda não teria tido tempo hábil para registrar o furto.

 

Ainda conforme as investigações conduzidas pelo delegado Milton Andreoli, os furtos aconteciam em várias cidades do interior paulista, como Salto, Campinas, Taquarituba e Piedade, e há indícios fortes de que os caminhões eram levados para Dourados, e de lá iriam para receptadores no Paraguai.

 

Dos cinco acusados já presos pela Operação Vitória, quatro haviam sido presos em flagrante durante a investigação. Desses, três foram flagrados numa mesma ocorrência de furto de caminhão com os batedores utilizando carros também furtados, e outro já cumpria prisão no regime semi-aberto em Porto Feliz, também por envolvimento em crime da mesma natureza. Apenas um, o operador de despachante de Votorantim, é que teve o mandado de prisão preventiva cumprido nos últimos dias em sua casa, no Jardim Clarice.

 

Os outros quatro, que agora também acumulam o mandado de prisão preventiva, são um de Itapetininga, um de Tatuí e outros dois de Tapiraí, sendo que quatro estão recolhidos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Capela do Alto e um no CDP de Iperó. Já os quatro foragidos são dois de Votorantim e dois de Dourados.

 

Os investigadores atentaram ainda que para a diligência na aldeia indígena, eles contaram com o apoio da Polícia Civil local, tendo em vista que, apesar da sua população estar já urbanizada, a chegada de pessoas de fora é vista com muita desconfiança. Eles citaram inclusive que, em operação da polícia de Dourados, dois investigadores foram assassinados e um ficou paralítico em função das agressões sofridas.

 

Para as diligências na região, os policiais de Pilar do Sul tiveram o apoio das unidades dos respectivos municípios, e também da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) e do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra).

 

A reportagem não cita os nomes dos presos preventivamente por ter como norma a divulgação apenas de presos sentenciados.


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